No mundo racional dos caminhões, ainda há espaço para as vaidades. E, assim como acontece com os automóveis, as fabricantes de caminhões também disputam para ver quem tem o modelo mais potente do mundo. No universo dos cavalos mecânicos, essa briga fica restrita ao segmento de extrapesados e também a um país no extremo Norte do globo terrestre: a Suécia. Desde que foram fundadas, Volvo e Scania são rivais históricas, mas esse confronto ficou mais “pessoal” desde 2009. Na ocasião, a Volvo mostrou o FH16 700 como o cavalo mecânico mais potente do mundo com seus 700 cv. Isso não soou muito bem à casa de Sodertalje, sede da Scania, que agiu rapidamente: em 2010, apresentou o R730. Além de produzir 730 cv de potência, o caminhão “roubou” o título do compatriota. Porém, a Volvo aproveitou para deixar essa questão bem clara por aqui na última edição da Fenatran, que aconteceu entre os dias 28 de outubro e 1º de novembro no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. A marca de Gotemburgo trouxe ao Brasil o FH16 750 8X4 – lançado no final de 2012 na Europa. Atualmente, é o mais potente do mundo.
O FH16 750 evidencia que a disputa pelo “título” de caminhão mais potente virou uma “fogueira das vaidades” e, claro, uma guerra de marketing. Bom exemplo disso é a potência máxima de 750 cv e os exorbitantes 362 kgfm de torque máximo – sendo 285,5 kgfm já entregues a baixíssimas 900 rpm. São faixas de potência e torque rarissimamente utilizáveis em termos rodoviários. Tanto que Volvo FH16 750 é indicado apenas para cargas extremamente pesadas e indivisíveis – como turbinas, peças de hidrelétrica ou de plataformas petrolíferas, por exemplo. O caminhão sueco é capaz de tracionar até 200 toneladas de Peso Bruto Total Combinado – PBTC.
Toda potência provém do motor de 16 litros e é gerenciada pela caixa automatizada I-Shift. A transmissão robotizada, por sinal, é de nova geração, com direito a sistema com dupla embreagem. Ainda no funcionamento trem de força,, a Volvo introduziu no novo FH o I-See. O sistema funciona em conjunto com o GPS e memoriza as características de cada rodovia específica. Assim, quando o motorista passar novamente pelo mesmo trajeto, o I-See propõe as melhores relações de marcha para reduzir o consumo. De acordo com a marca, é possível economizar até 10% de diesel.
Mas ostentar o título de mais potente tem o seu preço. Por aqui, o caminhão tem valor estipulado de R$ 1 milhão – e, segundo a Volvo, já existem encomendas. Nas modificações que efetivamente facilitam a vida de quem vai passar horas a fio dentro do caminhão, a Volvo efetuou melhorias na cabine. Os botões do painel são dispostos em ordem de importância para o motorista não perder a atenção do trânsito. A coluna de direção pode ser ajustada em um ângulo 20º e o banco tem apoios laterais e lombar. O espaço interno ficou maior e a cama, além de ter um novo colchão, foi alargada. O teto solar “sky window”, geladeira e bancos forrados em couro possuem ajustes elétricos completam o pacote. Por fora, os diferenciais em relação aos Volvo FH “comuns” são sutis. Além dos grafismos alusivos à potência, a grade frontal e as maçanetas são cromadas, os faróis são de xenônio e as luzes traseiras são em leds.
Em se tratando de um Volvo, a segurança não poderia mesmo ser deixada em segundo plano. As principais inovações estão na construção do FH. Foram usados compostos de aços mais fortes na estrutura da cabine e na estamparia para resistir a colisões e capotamentos. As folhas de aço são soldadas a laser, o que melhora a rigidez e a precisão. Também existem diversos equipamentos eletrônicos, como o controle de cruzeiro adaptativo, detector de ponto cego, câmera de ré, direção elétrica, freios EBS com VEB e Retarder, que alcançam 1.180 cv de potência, suspensão eletrônica traseira ECS e monitoramento de mudança de faixa.
Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Divulgação