Volvo FH

Pesquisas recentes na Europa mostram que mais da metade dos motoristas de caminhão têm problemas de dores nas costas, pescoço e ombros. No Mercosul, onde a frota de caminhões é consideravelmente mais antiga e menos tecnológica, além de ter estradas piores, essa proporção é certamente maior. O norueguês Henrik Gustafsson, de 27 anos, é um desses motoristas europeus que conviveu durante anos com dores crônicas. Cinco anos atrás, desenvolveu um problema em um músculo do ombro esquerdo, e por isso lhe foi recomendado que abandonasse os trajetos de longo curso – ele transporta madeira por toda a Escandinávia. No entanto, um ano e meio atrás, Henrik teve a oportunidade de dirigir o novo Volvo FH, equipado com Dynamic Steering, em testes de campo. O sistema de assistência à direção da marca sueca baseia-se em um motor elétrico, que é ligado ao eixo de direção e trabalha em conjunto com o volante do caminhão. Desde então, seu ombro melhorou. “O Dynamic Steering ajuda a manter o caminhão estável para que eu possa sentar e me sentir mais relaxado como motorista. Atualmente, a minha posição ao dirigir é muito diferente”, comemora Gustafsson.

Os problemas relacionados com lesões em motoristas profissionais de caminhão, principalmente nos que trafegam em longas distâncias, são conhecidos há tempos. Um estudo realizado pela Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho mostra que 54% das mulheres e 37% dos homens no setor dos transportes na Europa têm problemas músculo-esqueléticos crônicos, geralmente concentrados nas costas, ombros e pescoço dos motoristas. “Os movimentos repetitivos exercem grande pressão sobre determinados grupos musculares. Apertar o volante durante a condução leva a uma maior tensão e músculos maiores, como bíceps, não são tão sensíveis. Mas quando se tensiona o antebraço e certos músculos que estão relacionados às mãos e aos dedos, corre-se mais risco de fadiga”, pondera Peter Bark, que realiza pesquisas sobre questões de saúde e segurança no Transport Research Institute, organização não governamental do Reino Unido ligada aos estudos sobre transportes e logística. “Tensão excessiva nos ombros também provoca fadiga e dor, que pode se alastrar para trás do pescoço”, complementa Bark.

Sistemas de assistência à direção minimizam lesões em motoristas de caminhão

A utilização de sistemas de direção assistida nos caminhões reduz muito os movimentos de vibração do volante causados pela irregularidade das estradas. Não apenas facilitam a condução e a tornam mais confortável para o condutor, mas também reduzem o impacto sobre os músculos e as articulações ao longo do tempo. Em baixas velocidades, o motor elétrico acrescenta mais força à direção, enquanto a velocidades mais elevadas, ajusta e compensa automaticamente sacolejos causadas por ventos laterais ou desníveis na superfície da estrada. Na condução em baixas velocidades em estradas normais em caminhões com direção assistida, o esforço necessário para girar a roda é reduzido em cerca de 75% em relação aos modelos sem o sistema. Ao dirigir em estradas com pavimentação de má qualidade, a assistência à direção proporciona um redução de 95% nas vibrações.

E quando a utilização dos sistemas de direção assistida é adotada em combinação com as transmissões automatizadas, é possível obter uma redução ainda mais drástica do estressse físico do condutor. “Movimentos repetitivos podem ser a maior causa de acidentes de trabalho. A estrada nunca é completamente lisa, o corpo treme devido ao movimento. Isso cria o que é conhecido como lesão por esforço repetitivo – LER – , que gera dor e perda de força muscular”, analisa Jonas Nordqvist, gerente de produto da Volvo Trucks na Europa. 


Carlos Angió, do Megautos.com/Argentina (exclusivo no Brasil para Auto Press)
Ilustração: Afonso Carlos/Carta Z Notícias