Os primeiros Volvo FH desembarcaram no Brasil para responder à legislação brasileira – cópia da aplicada na Europa –, que estabeleceu limites rigorosos de comprimento total para os caminhões. Houve um estranhamento inicial. O fato de não ter nariz foi visto como um ponto de insegurança – por analogia à finada Kombi – e o pioneiro motor eletrônico provocava medo na área de manutenção dos transportadores. Mas o tempo mostrou que essas ideias eram apenas “lendas rodoviárias”. O óbvio ganho de espaço na área de carga de um caminhão cara-chata acabou se fazendo valer. Isso tudo foi há exatos 20 anos. Hoje, o FH já acumula 85 mil unidades comercializadas – 12.500 apenas em 2013. Foi para registrar a perenidade do bem-sucedido modelo que a marca sueca apresentou a edição especial FH 20 anos.
Desde que foi lançado – quase simultaneamente com a Europa –, o modelo trazia várias inovações que, ao longo do tempo, se somaram a outras. Nessas duas décadas, o conceito dos caminhões, e principalmente da vida dentro da boleia, mudou bastante. O próprio FH 20 anos explicita bem isso. Ele vem de fábrica com airbag, sensor de chuva e travas por controle remoto, climatizador de ar, bancos e volante em couro, cabine com suspensão a ar, som e comandos no volante. Específicos para a versão, externamente traz uma faixa numa composição em azul, amarelo e verde e um logo “FH 20 anos”. Internamente, um friso em madeira percorre todo o tablier. O modelo só tem duas cores de fábrica: branco ou preto metálico.
O FH comemorativo pode receber ainda todo o arsenal de segurança da marca, como controle eletrônico de estabilidade, detector de atenção e de cansaço, piloto automático adaptativo, sistema de monitoramento de faixa de rolagem, sensor de ponto cego, faróis laterais auxiliares e faróis de xenon. As quatro motorizações oferecidas na linha FH estão disponíveis nesta edição especial: de 420, 460, 500 ou 540 cv, sempre com a unidade de 13 litros, com sistema SCR – sigla em inglês para redução catalítica seletiva. Em qualquer uma delas, o propulsor é gerenciado por uma caixa de câmbio eletrônica e automatizada I-Shift, que, segundo a marca, é até 5% mais econômica que a manual.
Cronologia do Volvo FH no Brasil
1994 – Os primeiros modelos FH12 380 Globetrotter, importados da Suécia, são vendidos no Brasil. Ele trazia cabine estampada em aço de alta resistência com altura interna de 1,95 metro e duas camas-beliche. O motor D12 tinha controle eletrônico e freio-motor. Na época, o modelo chegou com preço bastante competitivo, pois o dólar no início da implantação do Plano Real tinha uma cotação de R$ 0,90.
1998 – O FH passa a ser produzido na fábrica da Volvo, em Curitiba, Paraná, “incentivada” pela crise cambial no Governo Fernado Henrique Cardoso, que elevou o dólar a R$ 1,90. O modelo era idêntico ao importado.
1999 – O motor do FH evolui para o D12C e o modelo recebe um computador de bordo, que permite um maior controle dos transportadores sobre a frota e o desempenho dos motoristas. O FH recebe como opcional freios ABS e airbags. Nessa reengenharia, o propulsor tem duas configurações: 380 cv e 420 cv.
2003 – O FH evoluiu na mecânica, na eletrônica e também no visual. As linhas da cabine ficam mais aerodinâmicas e arrojadas. Desta vez, o motor, rebatizado de D12D, ganha uma configuração de 460 cv – que se soma às de 380 cv e 420 cv – e e é gerenciado pelo câmbio automatizado I-Shift de primeira geração. O computador ganha novas funções, como diagnóstico de falha e controle de temperatura do óleo dos eixos, do câmbio, entre outros.
2006 – O propulsor de seis cilindros do FH cresce de 12,1 para 12,8 litros. O novo D13A deixa o modelo 5% mais econômico e as potências vão para 400 cv, 440 cv, 480 cv e 520 cv. O freio motor também fica mais potente: pula de 390 cv para 410 cv – opcionalmente, podia chegar a 500 cv. O câmbio evolui para suportar até 60 toneladas. A cabine ganha suspensão a ar e alguns modelos recebem freios a disco com controle eletrônico de frenagem.
2009 – Os FH ganham a possibilidade de instalar um pacote de segurança que inclui controle eletrônico de estabilidade, faróis de xenon, sensor de chuva, detector de atenção, controle de cruzeiro adaptativo, sensor de ponto cego e monitoramento de faixa de rolagem.
2012 – Com a entrada em vigor da nova legislação sobre emissões, no padrão Proconve 7, a Volvo retrabalha seu motor de 13 litros e adota o sistema SCR. As potências sobem para 420 cv, 460 cv, 500 cv e 560 cv.
Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Divulgação