O roubo de cargas causa enormes prejuízos às transportadoras brasileiras. Dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística indicam que o Brasil chega a perder, por ano, cerca de R$ 1 bilhão em ações de quadrilhas especializadas nestes crimes. Só em 2014, por exemplo, foram registrados 17.500 roubos, número 42% maior do que em 2010, quando houve 12.300 casos oficiais. Não à toa, é cada vez maior o investimento das empresas especializadas em segurança patrimonial e transporte de valores. E esse parece ser mesmo o principal público-alvo da Scania para seus novos caminhões blindados. Na última semana, a marca sueca vendeu os primeiros semipesados 8X2 da marca para este segmento. Três unidades adquiridas pelo Grupo Esquadra, com matriz em Minas Gerais, que atua no transporte de cargas de alto valor.
Os novos caminhões fizeram a frota da Esquadra chegar a 60 veículos, com blindagem de carroceria e cabine realizada pela MIB Blindados. Um aumento importante, já que a empresa registrou, no ano passado, crescimento de faturamento de 40% ante 2014, com R$ 295 milhões totais. Segundo a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais, 2015 contabilizou, em média, R$ 212 milhões em mercadorias perdidas para os bandidos. Com a alta procura para o transporte seguro de valores, a expectativa é que a Esquadra feche 2016 com R$ 350 milhões de faturamento.
Os produtos Scania escolhidos pela Esquadra têm cabine e baú blindados, cabine com quatro lugares, blindagem nível três, fechaduras eletrônicas em todas as portas, duplo sistema de rastreamento, divisores internos de cargas, plataforma traseira elevatória e porta com sistema de travamento interno e externo. Todos os veículos têm tecnologia embarcada de segurança avançada com GPS, sistema de videomonitoramento, botão de pânico, fechadura randômica, sensores de portas e sirenes. A nova frota tem capacidade técnica para transportar 14 mil kg, com volume total de 44 m³.
O fato de serem modelos Scania P 250 8X2 é valorizado pela marca sueca. “A Esquadra reconheceu todas as vantagens desta configuração de rodas, que foi pioneira da marca na categoria dos semipesados”, diz Wagner Tillmann, gerente de vendas de semipesados da Scania no Brasil. “Os diferenciais determinantes para essa escolha foram a velocidade média mais alta da categoria e a superior capacidade técnica dos eixos, que permite o trabalho constante dentro da lei da balança e gera maior durabilidade dos componentes”, explica Celso Mendonça, gerente de desenvolvimento de negócios da Scania no Brasil.
A engenharia da Scania fez um estudo completo de projeto para adequar os caminhões à demanda da empresa. A necessidade da Esquadra exigia um caminhão com quatro eixos, sendo dois direcionais para viabilizar uma carroceria de aproximadamente 8,10 m de comprimento – suficiente para acomodar 14 paletes em três compartimentos distintos. Os eixos deveriam ter capacidade suficiente para suportar uma carga líquida total de 12 mil kg, de itens de alto valor agregado, para atender à lei da balança e ter peso bruto total legal de 29 mil kg. E, acima de tudo, garantir a segurança das viagens. “Um caminhão nesse tipo de trabalho não pode quebrar. Para rodar com o peso dessa cabine blindada, são necessários chassis de maior robustez”, enfatiza Mendonça.
A cabine original foi retirada para a instalação de outra já blindada, que preservou ao máximo as características Scania. A nova cabine recebeu aberturas no assoalho, para proporcionar a manutenção do trem de força, e também um degrau de acesso traseiro. A suspensão atrás é a ar de série, o que facilita o carregamento e o descarregamento – ela oferece quatro módulos de altura para ajuste a diversos tipos de embarque.
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Divulgação