Mesmo em um mercado sob forte retração, sempre tem alguém que consegue se sair um pouco melhor. No caso da indústria de caminhões e ônibus no Brasil, onde todos os segmentos e marcas enfrentam expressivas reduções nas vendas, a função de “salvador da pátria” está com o setor de serviços. Em tempos onde a baixa lucratividade do setor de transportes não viabiliza a renovação das frotas, os frotistas acabam tendo de investir para manter a operacionalidade e a rentabilidade dos caminhões que já têm. Por isso, em todos os fabricantes de caminhões e ônibus, os setores de serviços e de vendas de contratos de manutenção normalmente não têm tanto o que reclamar de 2016. É o caso da Scania. Na marca sueca, a meta é que todos os custos de manutenção das concessionárias sejam cobertos com a venda de serviços de manutenção – assim, toda a margem de lucro com as vendas de veículos pode ser considerada como lucro líquido.
A rede de concessionários da Scania, que atualmente emprega mais de 4700 profissionais, iniciou esse ano uma profunda padronização no processo global de serviços, que deve ser concluída em 2017. Esse processo já estará implantado em pelo menos 30 concessionárias até o final desse ano. Além disso, cerca de R$ 70 milhões serão investidos para elevar o número de pontos de atendimento dos atuais 122 para 139 até 2020. A proposta da empresa é ter a melhor rede de concessionárias do setor de transporte de cargas e ser referência em serviços.
Para ajudar a atingir essa meta, profissionais da área industrial foram chamados a colaborar na área de serviços, para ajudar a criar novas metodologias, aumentar a eficiência dos processos e elevar o padrão de atendimento. As concessionárias onde os novos métodos já foram implantados passaram a ter uma postura mais ativa, planejando antecipadamente a entrada do veículo na oficina, prevendo a utilização de peças, equipamentos, ferramental e até definição do time de mecânicos. “Passamos a fazer previamente atividades que antes só começavam a ser feitas quando o caminhão chegava à concessionária. Isso pode gerar uma economia de até 75% no tempo de inatividade do veículo”, contabiliza Gustavo Andrade, gerente de Desenvolvimento de Rede de Concessionárias da Scania do Brasil.
Atualmente, 34% dos caminhões novos saem das concessionárias da Scania com algum plano de manutenção – a meta é chegar a 55% em 2022. A ideia é investir no aprimoramento dos serviços, como forma de valorizar a imagem da marca, aumentar o prestígio de seus produtos e aumentar a lucratividade da rede. Nesse processo de experimentação de novos sistemas e procedimento no atendimento, as oito concessionárias da Rede Codema – sete no estado de São Paulo e uma na cidade mineira de Pouso Alegre –, que pertencem à própria Scania, servem como um “laboratório vivo” para o setor de serviços da marca no país. “Eficiência e rapidez são fundamentais para termos uma rede preparada para o futuro. Hoje o mundo está cada vez mais rápido e as pessoas, mais conectadas. A digitalização faz parte do dia a dia e o setor de transportes recebe demandas mais ágeis. Os veículos não podem ficar parados mais tempo que o necessário, por isso os serviços precisam ser dinâmicos”, afirma Fabio Souza, diretor de Serviços da Scania do Brasil.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
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