Vender caminhões no Brasil não está fácil. No primeiro semestre, as vendas totais já caíram 42,1% em relação ao mesmo período de 2015. A crise é particularmente aguda no segmento de pesados e extrapesados, onde a redução nos emplacamentos beira os 65%. Para tentar superar o impacto da queda nos emplacamentos, a Mercedes-Benz investe em várias frentes. Uma delas é a abrangência de seu portfólio dedicado ao transporte de cargas, que começa nas vans Sprinter, passa pelos caminhões Accelo, Atego, Axor e Atron e vai até a linha “top” de caminhões extrapesados Actros. É justamente o Actros, principalmente em sua versão Megaespace Plus, que cumpre uma função estratégica: exibir o máximo requinte e a capacitação tecnológica dos caminhões da marca da estrela de três pontas.
Apesar da retração em 2015, os transportadores brasileiros há tempos já começaram a perceber que tecnologia e conforto estão longe de serem supérfluos – e podem ser fundamentais para maximizar a lucratividade das frotas. Modernos sistemas automotivos servem para impedir erros na operação, reduzir custos de manutenção e economizar combustível. Além disso, oferecer mais conforto ao motorista colabora para reduzir a fadiga no trabalho, o que melhora a produtividade. E ainda ajuda a atrair novas pessoas para a função – são comuns entre os frotistas queixas sobre as dificuldades em encontrar profissionais dispostos e habilitados a ingressar na profissão de caminhoneiro. Dois fatores que intimidam os aspirantes a motoristas de caminhão são a possibilidade de passar longos períodos fora de casa e o risco de acidentes. Daí a importância de oferecer mais conforto e segurança no transporte rodoviário de cargas. “Há um crescente segmento de mercado que exige alta potência, excelente desempenho e elevado conforto para as longas distâncias rodoviárias”, avalia Gilson Mansur, diretor de Vendas e Marketing de Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil.
Em termos de conforto, um dos destaques do Actros é o câmbio automatizado PowerShift sem pedal de embreagem, de série para toda a linha. O extrapesado vem equipado com sensor de inclinação de via, que proporciona trocas de marchas mais eficientes. Nos modelos com a cabine Megaespace, o piso é plano e o teto é elevado, com 1,92 m. Tais características facilitam consideravelmente a circulação do motorista no habitáculo – que normalmente acumula as funções de posto de trabalho, área de descanso e dormitório. O modelo conta com uma cama bastante espaçosa e o ar-condicionado noturno, que funciona com o motor desligado e ajuda a tornar os pernoites na cabine mais aprasíveis. Na hora de encarar a estrada, a suspensão pneumática na cabine e na traseira minimizam o efeito das irregularidades do piso sobre o corpo do motorista, isolando as vibrações e atenuando os solavancos. A ergonomia e a funcionalidade dos equipamentos a bordo foram desenvolvidos para simplificar ao máximo o manejo e reduzir o estresse.
Já no quesito segurança, a versão Megaespace Plus do extrapesado da Mercedes-Benz oferece um dos pacotes de equipamentos mais completos para veículos de carga disponíveis no Brasil. Inclui sistema de gerenciamento inteligente de frenagem, que segundo o fabricante proporciona respostas 20% mais rápidas e conta com ABS, ASR, EBD, freio-motor Top Brake, bloqueio de deslocamento em rampa e freios a disco. O pacote inclui ainda itens mais sofisticados e incomuns em veículos de carga, como orientação de faixa de rolagem, controle de proximidade, assistente ativo de frenagem e retarder. Equipamentos mais prosaicos e comuns aos automóveis, como sensores de chuva e de luminosidade que ativam automaticamente limpador de parabrisas ou faróis, também são de série na versão.
Conforto e segurança são cada vez mais importantes, mas a palavra que realmente emociona o setor de transporte de cargas em todo o mundo é outra: economia. Nos Actros Megaespace Plus, entre os fatores que geram redução no consumo de combustível e otimização nos custos de manutenção estão os eixos traseiros sem redução nos cubos, disponíveis para os modelos Actors 2546 6X2 e Actros 2646 6X4. Essas configurações, que segundo a Mercedes permitem melhora no rendimento mecânico, atendem configurações de bitrem com PBTC de 57 toneladas e bitrenzão/rodotrem com PBTC de 74 toneladas, focadas no transporte rodoviário de longas distância. Para os que preferem, os eixos traseiros com redução nos cubos continuam disponíveis para toda a linha Actros.
O câmbio PowerShift também dá uma importante contribuição em termos de redução do consumo dos motores, que nos extrapesados Actros podem ser um 6 cilindros em linha de 455 cv ou um V8 de 551 cv. A transmissão conta com as funções Power, que troca as marchas em rotações mais altas, para subidas e ultrapassagens, Ecoroll, focada na economia de combustível, e Manobra, para controle preciso em manobras. Já a função Balanceio oferece auxílio adicional para quem precisa sair de atoleiros. Como não tem anéis sincronizadores, as engrenagens do câmbio PowerShift são mais largas e robustas que as dos outros câmbios automatizados. Características que, de acordo com a Mercedes, reduzem a demanda de manutenção e aumentam a vida útil do conjunto – efeitos que normalmente encantam os frotistas.
Primeiras Impressões
Guarulhos/SP - A tarefa está longe de ser corriqueira, pelo menos para 99,9% dos motoristas brasileiros: dirigir um cavalo-mecânico que arrasta um bitrem com 47 toneladas de carga. O motor responsável por mover o Actros 2655LS/33 6X4 Teto Alto Megaespace Plus é um V8 de imodestos 551 cv. Só o cavalo-mecânico “top” da Mercedes custa impressionantes R$ 489.038,91 – sem contar o preço bitrem. O campo de provas, na periferia da cidade paulista de Guarulhos, reflete bem o padrão de qualidade da maioria das estradas brasileiras. Ou seja, pavimentação irregular, com muitos trechos em barro e buracos generosos.
No Actros avaliado, o trabalho do câmbio automatizado PowerShift se mostra realmente notável. As marchas são passadas com precisão, de uma forma que rentabiliza bem o torque robusto do motor. Trechos íngremes, de descidas ou subidas, sejam retas ou em curva, podem ser transpostos sem maiores dificuldades, auxiliado pelo sistema de bloqueio de deslocamento em rampa. Na prática, na maior parte do tempo, a carreta pode ser conduzida com a docilidade de um SUV grande qualquer. Sobram torque e potência, em qualquer circunstância. Evidentemente, dirigir um bitrem carregado numa estrada requer alguns cuidados extras, principalmente nas curvas. Afinal, o comprimento total do conjunto beira os 20 metros e qualquer erro de cálculo numa curva com algo que pesa 47 toneladas pode causar esmagamentos indesejáveis de outros veículos, calçadas e pessoas. Nessas ocasiões, reduzir a velocidade, abrir um pouco mais a curva e usar os amplos espelhos retrovisores normalmente basta para evitar qualquer tragédia.
No campo de provas, também foi possível participar de um teste do assistente ativo de frenagem, que atua sobre automaticamente sobre os freios do caminhão caso os sensores detectem algum obstáculo à frente, como um veículo em menor velocidade ou parado. O sistema já é adotado em alguns automóveis modernos e sofisticados. No teste, a eficiência dos sistemas eletrônicos assegurou a sobrevida do pequenino Smart Fortwo escalado para servir como “veículo que freia bruscamente à frente” durante a realização da avaliação. E, felizmente, o conjunto formado por freios a disco e ABS, ASR, EBD, freio-motor Top Brake mostrou eficiência e parou o caminhão de forma quase instantânea, sem que o motorista precisasse intervir. Chega a ser assustador imaginar o impacto que as 47 toneladas teriam sobre o subcompacto produzido na França, com seus lépidos 900 kg.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Divulgação