Em tempos bicudos, muitas vezes menos é mais. Na leitura do mercado feita pela Mercedes-Benz, esse raciocínio rendeu várias novidades. A primeira foi o furgão médio Vito, nas versões de passageiros e de carga, para introduzir a marca nos segmentos intermediários para até uma tonelada, onde não atuava. Outra foi dar capacidade de segmentos superiores a alguns modelos. O leve Accelo, por exemplo, ganhou uma configuração 6X2 1316, com três eixos e 13 toneladas de capacidade, o que permite brigar com caminhões médios – até agora, o Accelo era sempre 4X2 e carregava no máximo 10 toneladas. O médio Atego foi na mesma linha: ganhou duas versões 8X2: 3030 e 3026. A entrada do quarto eixo permitiu que a carga máxima do modelo médio passasse de 24 para 30 toneladas, o que faz com que rivalize com versões de entrada de modelos pesados. A última novidade fica por conta do novo motor OM 460, com 13 litros e potências de 456 e 510 cv. Ele equipa as novas versões 2646 e 2651 do extra-pesado Actros, que passam a ser as configurações mais potentes produzidas no Brasil.

Mercedes-Benz Actros 2651

É no furgão Vito, no entanto, que a Mercedes aposta mais. Principalmente porque são modelos de amplo espectro, acessíveis a motoristas com carteira B. Também por isso, as duas configurações do Vito Tourer 119 são para oito e nove ocupantes, enquanto a 111 CDI, de carga, tem 1.225 kg de capacidade útil – dentro dos limites para a categoria B. A capacidade da Tourer, no entanto, não permite que receba a motorização diesel. Por isso, ela traz o flex motor 2.0 litros turbo, de 184 cv – o mesmo usado no sedã C200. Já a versão de carga trabalha com o motor 1.6 turbodiesel de 114 cv.

Mercedes-Benz Vito Furgão

As duas configurações de passageiros do Vito têm objetivos ligeiramente diferentes. A versão Comfort, para nove ocupantes, pretende ocupar o espaço deixado pela Volkswagen Kombi há quase dois anos, mas com uma acentuada diferença de preço. Ela custa nada menos que R$ 129.990. Já a versão Luxo, para oito passageiros, sai ainda mais cara: R$ 139.990. Ela vem com um acabamento mais caprichado – para-choques pintados, forração em courino e bancos reclináveis – e diversos equipamentos a mais, como volante multifuncional, farol de neblina e rodas de liga leve. As duas versões trazem ar-condicionado de série, que é opcional da versão furgão – acrescenta R$ 5 mil ao preço básico de R$ 104.990. De série, o Vito vem com diversos controles dinâmicos, como assistentes de partida em rampa e de vento lateral, controle eletrônico de estabilidade e luzes de freio adaptativas – que piscam intensamente no caso de uma frenagem de emergência.

Mercedes-Benz Vito Tourer

Depois do Vito, o maior investimento da Mercedes foi no médio Atego. Para receber o quarto eixo, que deu origem às versões 8X2 3026 e 3030, a linha ganhou um chassi mais evoluído, bem mais leve que o anterior. Segundo a marca, por conta desta nova configuração, com motores de 256 e 284 cv, o Atego consegue transportar até 500 kg a mais que os rivais diretos. O aumento de resistência do novo chassi permitiu a criação da versão 2730 6X4, para  aplicações severas. A própria Mercedes oferece o modelo nas versões plataforma, basculante e betoneira.

Mercedes-Benz Atego 3030 8x2

O Accelo também ganhou em versatilidade com a versão 1316 6X2. Com a presença do terceiro eixo, ele passa a ter distância entre-eixos de até 4,40 metros, o que permite a montagem de carrocerias de até 8 metros – maior até que de caminhões médios. O 1316 é equipado com um motor 4.8 litros, utilizado em caminhões Mercedes-Benz de até 17 toneladas. Ele tem 156 cv a 2.200 rpm e um torque máximo de 62,2 kgfm entre 1.200 e 1.600 rpm. O câmbio é de seis marchas.

Mercedes-Benz Accelo 1316

No outro extremo da linha de caminhões da Mercedes, o Actros também apresenta novidades interessantes. A começar pelo novo motor de 13 litros – na verdade, uma evolução do OM 457, de 12 litros, que continua em linha. Para aproveitar o novo trem de força, a marca alemã investiu no conceito Mix Road. Ou seja: desenvolveu o modelo para enfrentar terra e asfalto com a mesma desenvoltura. Elevou o para-choque dianteiro em 3,5 cm em relação ao solo para melhor o ângulo de ataque. Aumentou a capacidade do tanque de combustível para 1.080 litros, para permitir que o reabastecimento possa ser feito na própria sede da empresa em viagem de média distância. Por fim, passa a oferecer suspensão metálica opcional, no lugar da suspensão a ar, mais frágil na hora de enfrentar o fora de estrada. Tudo isso, claro, de olho no agronegócio, aparentemente o único setor que não está sofrendo com a crise em Brasília.


Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Divulgação