Investir em aplicações rodoviárias de longa distância requer visão estratégica. E a Iveco parece ter se baseado nisso na hora de lançar no Brasil a linha Hi-Way. Embora grande parte dos caminhões adquiridos não sejam conduzidos pelos compradores, a preocupação com os motoristas deve ser cada vez maior. Com a redução da jornada de trabalho dos caminhoneiros, agora limitada a nove horas diárias e 35 semanais, aumentou a necessidade de manter uma velocidade média maior, oferecendo mais potência nas subidas e frenagem mais eficiente nas descidas. E é exatamente essa a principal evolução dos novos extra- pesados da fabricante italiana, lançados em agosto de 2013.
O Hi-Way é movido sempre pelo motor FPT Cursor 13, com exatos 12.9 litros, e sistema SCR, de redução catalítica seletiva. As calibrações para 440 e 480 cv de potência, já oferecidas na linha Stralis, foram mantidas. Mas criou-se uma configuração mais poderosa para a Hi-Way, de 560 cv, em que o propulsor recebe cabeçote em alumínio, aftercooler e novo sistema para controle de fluxo na turbina. No lugar de aletas de ângulo variável dos TGV tradicionais, o turbo do Cursor 13 tem um anel deslizante que abre e fecha de acordo com a necessidade de entrada de ar na turbina. O torque fica em 214,14 kgfm, 229,44 kgfm e 254,93 kgfm, nas configurações 440, 480 e 560, respectivamente, já disponíveis a 1.900 rpm.
O motorista conta com diversas facilidades. O câmbio automatizado tem 16 marchas e todas as informações do painel são controladas a partir do volante. De série, o caminhão ganha controle de cruzeiro, limitador de velocidade e computador de bordo que monitora consumo instantâneo e médio, velocidade média, autonomia, desgaste das lonas de freio, pressão do sistema hidráulico e nível de Arla 32. Um econômetro indica a forma mais eficiente de condução. Segundo a Iveco, melhorias aerodinâmicas reduziram o coeficiente de arrasto em 3% e resultam na economia de combustível de 0,6%.
O conforto e a eficiência do Hi-Way 560 são evidentes nos bancos revestidos em couro com descanso de braço, suspensão a ar e ajuste de lombar. Tudo para ampliar o conforto e minimizar os impactos das imperfeições do caminho. A boa impressão sobre as comodidades da cabine vai além. São 2,5 metros de largura por 2,25 m de comprimento. Na versão teto alto, uma pessoa de até 1,90 m de estatura fica em pé sem ter de se curvar. A cama para repouso leva espuma viscoelástica e os dois maleiros têm chaves individuais –, possibilitando o uso concomitante por dois motoristas que dividam a viagem.
O percurso – que teve cerca de 150 km – começa em Jundiaí, onde o Demo Driver da Iveco pega o Rodoanel Mário Covas, no sentido Baixada Santista, e roda até o acesso à rodovia Castelo Branco. Na altura do km 53, em Araçariguama, pausa para o almoço. Chama a atenção a competência do climatizador. Mesmo com o motor desligado, ele é capaz de manter o ar refrigerado e umedecido. O passeio segue 90 minutos depois até o acesso à rodovia Senador José Ermírio de Moraes, que liga Sorocaba a Campinas. Depois de pegá-la na altura de Itu, o caminhão passa por municípios como Salto, Indaiatuba e Campinas, até voltar para Jundiaí, na concessionária da Iveco.
Parte da eficiência do Hi-Way vem do preciso conjunto do freio motor com Intarder, acionado por uma alavanca junto ao volante. No total, o caminhão chega a 980 cv de potência de frenagem, que transmitem segurança para descidas mais acentuadas mesmo com uma carga de 57 toneladas no bitrem implementado ao Hi-Way. Ao final, os dados monitorados pelo computador de bordo são coletados através de uma tomada USB pelo sistema Iveco Frota Fácil. Em 148,78 km rodados, o motor ficou ligado por duas horas e 55 minutos, sendo que 25 minutos deles com o caminhão parado. Com uma velocidade média de 59,4 km/h, o consumo computado foi de 1,86 km/litro de diesel com a carga de 57 toneladas. Uma média que coloca o modelo em posição de destaque na briga pelas vendas entre os extra-pesados premium brasileiros.
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Alexandre Andrade/Iveco