Santiago/Chile – Os fabricantes de caminhão vêm, ao longo dos anos, criando segmentos cada vez mais específicos para seus produtos. O fenômeno é semelhante ao que acontece no mercado de automóveis e a justificativa nos dois casos é a mesma: encaixar os veículos nas expectativas dos potenciais compradores. E também como nos automóveis, entre os caminhões criou-se igualmente uma categoria mais luxuosa, com versões mais potentes, glamurosas e recheadas de conforto e tecnologia. E, é claro, estes modelos top de linha ficam na parte mais cara – e rentável – da tabela de preços. E é aí que se enquadra o novo Iveco Hi-Way – na verdade, uma configuração incrementadíssima do extra-pesado Stralis.
O Stralis Hi-Way chega ao Brasil embalado pelo impacto positivo que causou no último Salão de Hannover, em setembro passado. O curtíssimo prazo entre o lançamento na Europa e a fabricação Brasil mostra que as intenções da Iveco são seríssimas. Nesse meio tempo, a engenharia testou 34 unidades, que rodaram mais de 2 milhões de quilômetros nas estradas brasileiras. Montado na fábrica de Sete Lagoas, em Minas Gerais, a marca espera que nestes quatro últimos meses de 2013 sejam comercializados entre 500 e 700 Hi-Way e que a versão represente 40% dos 5 mil Stralis previstos para 2014. Este reforço garantiria à Iveco a participação de 10% no segmento de extra-pesados – o que mais cresce no Brasil e que já responde por um cada quatro caminhões comercializados no país.
Sob a boleia, o Hi-Way carrega sempre o motor FPT Cursor 13, com exatos 12.9 litros, e sistema SCR, de redução catalítica seletiva. A marca manteve as calibrações para 440 e 480 cv de potência, já oferecidas na versão “comum” do Stralis. Mas para o Hi-Way criou uma nova configuração com 560 cv. Para chegar nesse número, o propulsor recebeu cabeçote em alumínio, aftercooler e um novo sistema para controle de fluxo no turbo-compressor. No lugar de aletas de ângulo variável dos VGT tradicionais – considerado pouco robusto –, o turbo do Cursor 13 tem um jogo de anéis que aumenta ou reduz a área das hélices exposta ao fluxo de ar. Segundo a Iveco, o aumento de potência responde também a uma necessidade gerada pela lei que limita a carga horária dos motoristas. Um caminhão mais rápido pode percorrer mais quilômetros a cada jornada.
É nesse ponto que entra a necessidade de elevar o nível de eficiência do motorista. Ele conta com um câmbio automatizado de 16 marchas, controle de cruzeiro e limitador de velocidade. Além de informações básicas como consumo instantâneo e médio, velocidade média e autonomia, o computador de bordo monitora, entre outras coisas, o desgaste das lonas de freio, a pressão do sistema hidráulico e o nível de Arla 32. E no painel há ainda um econômetro, que indica sempre a forma mais eficiente de conduzir em cada situação. Também atrás de economia, o Hi-Way introduz melhorias aerodinâmicas que melhoram o coeficiente de arrasto em 3% – o que resulta numa redução de 0,6% no consumo.
O espaço na cabine também busca facilitar a vida do motorista. E lá dentro se encontram recursos de conforto bastante generosos. O pé-direito mínimo da versão de teto alto é de 1,90 metro. O banco do motorista, forrado em couro, tem suspensão pneumática independente e um sem-número de regulagens. Entre as poltronas, há uma geladeira e uma caixa térmica, que podem ser embutidas sob o leito para liberar a área de circulação. A cama, inclusive, traz um colchão de viscoelástico, tem luzes de leitura em led. Para-brisas e vidros têm cortina elétrica, que funciona como blackout, e o ar-condicionado pode se manter em operação por toda a noite, mesmo com o motor desligado.
A lista de opcionais é extensa. E vai desde suspensão traseira pneumática até um beliche. O Hi-Way dispõe ainda de versões de tração 4X2, 6X2 e 6X4 e entre-eixos de 3, 3,20 ou 3,50 metros. Os preços iniciais vão de R$ 320 mil, para a versão 440 cv com tração 4X2, a R$ 395 mil, para a motorização de 560 cv e tração 6X4. O preço é um pouco menor que o dos extra-pesados de luxo da Volvo, Scania e Mercedes, apontados pela marca italiana como seus principais rivais.
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Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Divulgação