O ano de 2017 chegou ao fim com uma série de bons indicativos para o mercado nacional de caminhões. O crescimento acentuado reparado nos últimos meses – ao final de junho, a queda era de 15,6% em relação a 2016, enquanto o acumulado até novembro deste ano registrou avanço de 0,1% – indica que a economia do Brasil, aos poucos, pode estar se recuperando. E faz com que executivos de fabricantes que atuam por aqui esperem um 2018 bem mais azul na indústria. “Prevemos aumento de 30% nas vendas de caminhões no mercado brasileiro. E temos estratégia de crescimento para todos os segmentos e de soluções cada vez mais rentáveis para os clientes. O que inclui peças, serviços e conectividade”, prevê Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços de Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz no Brasil.
A marca alemã é, sem dúvidas, a mais otimista do setor. Mas pode se dizer que a crença em um 2018 positivo é uma unanimidade. “O Brasil tem hoje índice de confiança em alta, o que gradualmente aquece o varejo, demanda mais transporte e motiva o empresário a investir. Seja na ampliação de sua frota ou na renovação, para maximizar a produtividade”, analisa Roberto Cortes, presidente e CEO da MAN Latin America, que não chega a arriscar um palpite para este ano.
Diretor de Marketing e Vendas da Iveco para a América Latina, Ricardo Barion enxerga na previsão de 2,6% para o PIB deste ano uma chance de melhorar as vendas de comerciais. “É um número que não se vê há algum tempo no Brasil e isso deve impulsionar o crescimento do mercado de caminhões para níveis de dois dígitos. A inflação já apresentou queda muito significativa e tem perspectivas de estabilidade, ficando em torno de 4%, e a taxa básica de juros sofreu cortes que a colocaram no menor patamar desde 1986”, justifica. Essas e outras medidas devem estimular o consumo interno, gerando novos recursos e um cenário que, ao que parece, será novamente positivo para investimentos. “Além disso, o agronegócio continua sendo um dos principais motores da economia brasileira e teve safra recorde em 2017, o que também pode impactar o segmento de transporte, mantendo altos níveis de produção”, completa Barion.
Outros setores, como a indústria, varejo e serviços, também já começam a demonstrar recuperação. E criam um cenário propicio a uma recuperação de mercado sensível em 2018. Mesmo assim, há quem prefira manter a cautela na hora de refletir sobre o futuro. “Sabemos que o mercado ainda está um pouco resistente, mas vamos oferecer propostas vantajosas. O mercado pode esperar a Ford Caminhões muito mais preparada e competitiva em 2018”, diz Oswaldo Ramos, gerente geral da Ford Caminhões.
Roberto Barral, diretor-geral da Scania no Brasil, acredita que a melhora será gradativa. “Imaginamos o mercado em que atuamos, acima de 16 toneladas, que compreende os semipesados e os pesados, em um patamar de vendas de cerca de 38 mil unidades. A Scania tem uma perspectiva de crescer, nesse mesmo mercado, de 10 a 15% em comparação a 2017”, conta ele. Por outro lado, Barral lembra um detalhe importante a respeito de 2018. “Temos um ano eleitoral e é fundamental que a economia siga demonstrando certa independência do cenário político, como tem acontecido nos últimos meses. Há ainda dois fatores que podem ser decisivos para um ano melhor: os grandes frotistas estão voltando a fazer consultas para compras e o potencial de frota Euro 5 envelhecida", enumera.
Roberto Cortes, da MAN, imagina o que deve chamar mais a atenção dos clientes da marca em 2018. “Nosso principal trunfo é o início das vendas de toda a família Delivery, de 3,5 toneladas a 13 toneladas, que chegará progressivamente às concessionárias de todo o Brasil e também da América Latina”, prevê. Na Mercedes, há uma aposta forte em novos recursos de tecnologia, conforto, segurança, desempenho e economia para as linhas Accelo, Atego, Axor e Actros. A Iveco vai lançar a Daily City, já apresentada na Fenatran, além dos caminhões Tector 8 e 11 toneladas. Já a Scania quer consolidar suas últimas novidades, apresentadas em 2017. Incluindo as segmentadas. “O Heavy Tipper, por exemplo, traz para a gama fora de estrada dois modelos para a mineração, sendo o 8X4, capaz de transportar até 25% a mais de carga líquida, reduzir em até 15% o custo por tonelada transportada e aumentar em 30% a vida útil na operação. Isso significa cerca de um ano a mais de trabalho”, defende o diretor-geral, Roberto Barral.
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
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