Em tempos de crise e após sucessivas quedas, fechar praticamente no zero a zero é motivo de festa. É essa a reação que se percebe no mercado brasileiro de caminhões. Depois de um 2016 com queda de 29,9% nas vendas na comparação com 2015, o ano de 2017 chegou ao fim de novembro com alta de 0,1%. Para algumas marcas, no entanto, os números são melhores. “Crescemos em vendas mês a mês, enquanto concorrentes e segmentos caíam na comparação com 2016. Só a partir de setembro que o cenário começou a mudar. Até então, fomos a única marca, somando as tradicionais, a registrar este crescimento”, garante Roberto Barral, diretor geral da Scania no Brasil. Até o final de novembro, o caminhão mais vendido do Brasil é da marca sueca: o pesado R440, com 2.572 unidades emplacadas nos 11 primeiros meses do ano.

Scania R 440 6X4 Streamline Highline

Muitos são os fatores apontados para essa melhora nas vendas de caminhões. O principal deles é que os agentes econômicos cansaram de esperar uma solução política para o país e trataram de cuidar do próprio negócio. Com isso, houve um crescimento da confiança na economia brasileira. E isso acaba acarretando em vantagens para os consumidores. “O aumento da oferta de crédito também tem impulsionado o crescimento do mercado em geral e incentivado o cliente a efetivar sua compra”, avalia Alarico Assumpção Júnior, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, a Fenabrave. “O destaque é o índice de confiança em alta, o que gradualmente aquece o varejo, demanda mais transporte e motiva o empresário a investir. Seja na ampliação de sua frota ou na renovação, para maximizar a produtividade”, engrossa o coro Roberto Cortes, presidente e CEO da MAN Latin America, que lançou a nova linha Delivery de caminhões Volkswagen na última Fenatran. Um dos carros-chefes da linha é justamente o segundo caminhão mais vendido do Brasil entre janeiro e novembro, o Volkswagen Delivery 8.160, com 2.155 exemplares comercializados.

Volkswagen Delivery 8.160

As mudanças na participação de mercado das marcas não chegam a ser tão significativas. O ranking segue na mesma ordem, mas com uma ou outra variação para mais ou para menos. A sueca Scania foi a que mais cresceu: terminou 2016 com 8,44% de market share e, até novembro, conseguiu pular para 10,88% em 2017. Mas nem perto de incomodar a líder Mercedes-Benz, com 29,33% atualmente – ao fim de 2016, eram 30,05%, segundo dados da Fenabrave. “Conquistaremos a liderança em caminhões pelo segundo ano consecutivo e esta é a melhor resposta que recebemos. Durante todo o ano, fomos até os transportadores e ouvimos suas reais necessidades”, gaba-se Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços de Caminhões e Ônibus da marca alemã, que lançou novidades para o Axor e Accelo em 2017, entre outras apostas.

Mercedes-Benz Actros Série Especial

Para Ricardo Barion, diretor de Marketing e Vendas da Iveco para a América Latina, um ponto fez com que 2017 se distanciasse mais do período de retração. “Apesar do cenário ainda conturbado, pudemos observar um movimento interessante de descolamento da economia em relação aos aspectos políticos do país. Isso é muito positivo, pois o potencial do Brasil para gerar negócios ainda é e sempre será muito grande”, valoriza Barion. A Iveco lançou o câmbio automatizado para seu Tector neste ano. Mas, até novembro, conquistou apenas 3,8% de market share – ao fim de 2016, tinha 5,22%.

Iveco Tector Auto-Shift

Barion acredita que “o pior já passou”. Na Ford, o sentimento também é de virada. A marca segue com os mesmos 15,4% de participação registrados ao fim de 2016. O que, diante da forte recessão vista até então, não é nada mau. “O ano de 2017 foi o início de uma retomada do mercado de caminhões, algo que deve acontecer ao longo dos próximos anos. Tivemos um importante aumento de vendas em Caminhões Leves e Médios em comparação ao ano passado e aproveitamos este período para consolidar a linha Cargo Torqshift como uma das principais opções no segmento”, defende Oswaldo Ramos, gerente geral da Ford Caminhões no Brasil. Para ele, a expectativa é de um 2018 ainda melhor. Pelo jeito, em todo o setor, o otimismo veio para ficar.

Ford Cargo Torqshift


Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Divulgação