Futura fábrica da Foton no Brasil

Guaíba/RS – Em termos de escala de produção, a China domina o setor automotivo mundial já há alguns anos – em 2013 foram 17 milhões de unidades. E esse total inclui os veículos de carga. A competitividade local fez com que as empresas do segmento buscassem novos mercados – principalmente os emergentes. E é baseado nisso que a Beiqi Foton, a maior fabricante de caminhões da China, juntamente com a Foton Aumark do Brasil, representante no país, iniciou as obras de sua fábrica em território nacional. O local escolhido foi Guaíba, um município vizinho à capital Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. À frente desse projeto, que tem como objetivo conquistar 5% do mercado local de caminhões, está Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES e atual presidente da Foton no Brasil.

Luiz Carlos Mendonça de Barros - Presidente da Foton do BrasilSegundo estimativas da empresa, o complexo industrial gaúcho estará inteiramente pronto no final de 2015. A previsão é começar a produzir no primeiro semestre de 2016. Inicialmente sairão caminhões da linha chamada Aumark. São modelos leves e médios de 3,5, 6,5, 8,5 e 10 toneladas. As primeiras unidades terão um índice de 74% de nacionalização, exigência para ter o financiamento do BNDES/Finame. A operação é simples. Este percentual de mais de 70% só foi obtido porque os fornecedores são os mesmos usados pela matriz asiática, com motor da Cummins e transmissão da ZF e Eaton, além de eixos da Dana. Um componente que ainda virá importado é a cabine.

De acordo com a Foton do Brasil, a unidade produtiva será capaz de entregar entre 1.500 e 2 mil caminhões por ano. O aumento também será progressivo até chegar aos 21 mil veículos anuais – em um prazo de 10 anos – para atender ao mercado local, exportação para a América do Sul e também para África. “A Foton Caminhões tem um plano consistente de crescimento em participação de mercado no Brasil, em cada segmento em que atuar”, destaca Orlando Merluzzi, vice-presidente do conselho gestor da empresa. Caso a demanda seja maior, a Foton já tem um plano. A fabricante está habilitada no Inovar-Auto e pode importar até 8.500 caminhões até 2016. E os executivos garantem que essa quantidade é suficiente para suprir todas as necessidades até lá.

Para erguer a planta, o investimento inicial é de R$ 250 milhões – sendo 50% recursos próprios e os outros 50% financiados pelo BNDES. O empreendimento contará com 200 mil m² de área construída e vai gerar 150 empregos diretos e 900 indiretos. A matriz chinesa entra no negócio somente com parte técnica, no desenvolvimento tecnológico e na engenharia. O projeto ainda promete aproximadamente R$ 70 milhões adicionais, que serão destinados às operações de logística, distribuição de peças e ampliação da rede de concessionárias. Atualmente, a Foton possui 23 revendas. Mas no montante extra de R$ 70 milhões está prevista a ampliação dessa rede. A expectativa é alcançar 90 lojas até a inauguração da instalação brasileira.

Início das obras da fábrica da Foton no Brasil

Atuando inicialmente em segmentos que totalizam mais de 65% de toda a indústria de caminhões no País, a Foton pretende conquistar até 5% do mercado nacional de caminhões após oito anos de operação no Brasil. As estratégias para alcançar tal meta passam por alguns pilares. O primeiro é oferecer caminhões bem equipados. Tanto que as primeiras unidades terão freios ABS, barras estabilizadoras, ar condicionado, vidros e travas elétricas, CD player, acelerador automático e a cabine é assinada pela Lótus. Outro ponto é posicionar bem os seus produtos. Segundo Ricardo Mendonça de Barros, diretor de operações comerciais da Foton Aumark do Brasil, os preços serão mais baixos que os praticados atualmente no mercado brasileiro pelos concorrentes. “No segmento de leves, estaremos 5% acima da Renault Master e 5% abaixo da Mercedes-Benz Sprinter. Em relação à líder Iveco Daily, o custo será 20% menor”, garante.

Apesar do investimento inicial no segmento de caminhões leves e médios, a Foton já traçou planos para uma segunda fase no processo de instalação no Brasil. E isso inclui dobrar o número de funcionários da fábrica e adicionar um linha de cavalos mecânicos de maior porte –  batizada de Auman. “Há interesse e já estamos conversando sobre caminhões semipesados com a matriz”, afirma Mendonça de Barros. Os modelos maiores – de 13, 15 e 17 toneladas – devem começar a ser construídos em meados de 2017.

Foton Aumark 1010


Autor: Raphael Panaro (Auto Press)
Fotos: Divulgação