O Brasil é um país onde a bandidagem tem acesso fácil a armamentos de guerra. Para fazer frente ao crescente poder de fogo da marginalidade local, as empresas de transporte de valores precisam usar a criatividade e investir em tecnologia. A filial brasileira da Prosegur, multinacional de origem espanhola do setor de segurança privada, procurou a Mercedes-Benz para desenvolver novos modelos de veículos que dêem conta da sofisticação bélica dos bandidos brasileiros. Agora, a marca alemã está entregando as primeiras unidades das versões blindadas do caminhão extrapesado Axor 2644 8x4 e do leve 915 E, produzidos na cidade paulista de São Bernardo do Campo, para transporte de valores.
A escalada da violência e a notória ineficiência da segurança pública ampliaram bastante a utilização por esse tipo de transporte no Brasil. Agora, além de dinheiro e ouro, os veículos blindados são utilizados também para transportar eletroeletrônicos, celulares, medicamentos, jóias, relógios e artigos de luxo, entre outros produtos que atraem a cobiça dos bandidos. Esse tipo de mercadoria é o foco da versão blindada do extrapesado Axor 2644, que se tornou o maior caminhão blindado da América Latina. O veículo ganhou uma implementação com tração 8x4, para tracionar semirreboques como o bitrenzão de 10 eixos, assegurando uma capacidade volumétrica de carga de 175 metros cúbicos (100 no primeiro semirreboque e mais 75 no segundo), com até 74 toneladas de PBTC. “Isso demonstra a versatilidade de aplicação do Axor, modelo consagrado no mercado pela alta disponibilidade para o trabalho e pelo baixo custo de manutenção”, comemora Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.
“Fizemos os comparativos e o Axor 2644 se destacou em capacidade de carga, qualidade técnica e potência”, justifica Rubens Carbonari, diretor regional da Prosegur. Pesou a favor da Mercedes-Benz a boa distribuição da Rede de Concessionários pelo território nacional. “Em qualquer lugar do Brasil, podemos contar com peças e serviços da marca. E como a Prosegur atua em todos os estados brasileiros, não podemos abrir mão dessa vantagem. Aproximadamente 96% da nossa frota de 1.650 veículos são Mercedes-Benz, a grande maioria carros-fortes, além de caminhões e 31 cavalos mecânicos”, pondera o executivo.
Entre as modificações aplicadas ao chassi do Axor 2644 para a versão blindada destaca-se a inclusão de um segundo eixo direcional, tornando esse cavalo mecânico, que sai de fábrica com tração 6x4, uma versão 8x4. A cabina blindada conta com quatro posições de assentos, incluindo o banco do motorista, a fim de acomodar a equipe de trabalho e atender à legislação do setor de transporte de valor. Os semirreboques do bitrenzão também são blindados ou reforçados. Todas as implementações são executadas por empresas nacionais especializadas no mercado de blindagem e devidamente certificadas.
Além dos Axor 2644 blindados, a Prosegur adquiriu recentemente 134 modelos 915 E para renovação de sua frota de carros-fortes. “O grande diferencial dessa venda é que o 915 E foi totalmente customizado pela Mercedes para atender as solicitações da Prosegur”, explica Leoncini. Entre as principais modificações no veículo, derivados de chassis de ônibus, incluem-se mudança de entre-eixos de 4.500 mm para 3.150 mm; reposicionamento de componentes, especialmente tanque de Arla e de combustível, além da adequação de chicotes elétricos, pneumáticos e de combustível; posicionamento da coluna de direção conforme a posição do cockpit desejada pelo cliente. Também foi desenvolvido um projeto inédito de ar condicionado para carros-fortes que dispensa o uso de dispositivos no teto do veículo. O chassi foi totalmente customizado para as necessidades de um carro-forte. O trabalho de customização foi coordenado pelo Centro de Customização para Clientes (CTT), área criada pela Mercedes-Benz para atendimento a pedidos especiais das empresas de transporte. A blindagem é 100% nível três, o que aumenta a segurança dos itens transportados e dos ocupantes.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Divulgação