Celulares, televisores, computadores, automóveis, prédios... Muito do que cerca o homem contemporâneo tem como origem uma atividade quase tão antiga quanto o homem: a mineração. Com o desenvolvimento tecnológico, cresce a demanda por velhos e novos minerais. E a fonte para obtê-los é a mesma há milênios - as minas. A mineração sempre foi um cliente importante para a indústria de caminhões. Agora é a sueca Scania que acaba de apresentar no Brasil uma novidade global voltada para o segmento. O Scania Heavy Tipper é um caminhão pesado off-road que chega com uma proposta instigante para os empresários do setor - aumentar a rentabilidade da atividade mineradora, com redução no custo da tonelada transportada, menos desperdício e menor impacto ambiental.

Scania Heavy Tipper

A Scania pretende que o Heavy Tipper se situe entre os caminhões pesados rodoviários adaptados para a mineração e os equipamentos gigantes da chamada linha amarela - escavadeiras, carregadeiras, retro-escavadeiras, compressores, gruas, guindastes e plataformas aéreas. Por atuar em ambiente inóspitos, um caminhão da mineração normalmente é aposentado com três de uso, ou cerca de 18 mil horas de trabalho. Segundo a Scania, o Heavy Tipper proporciona ganhos reais de 25% a mais de carga líquida, 5% a mais de disponibilidade, redução de 13% no consumo, 15% a menos no custo da tonelada transportada e 5.000 horas a mais de vida útil - ou seja, por volta de 1 ano a mais de trabalho.

Scania Heavy Tipper

O novo modelo é oferecido nas configurações P 440 6×4 - com carga líquida de até 32 toneladas - e G 480 8×4, com dois eixos dianteiros direcionais e capacidade de carga líquida de até 40 toneladas. Ambos trazem motor de 13 litros, Euro 5 com controle de emissões SCR, respectivamente com 440 cv e torque de 234,5 kgfm, de 1.000 a 1.300 rpm e com 480 cv e torque de 244,7 kgfm de 1.000 a 1.350 rpm. “Hoje, um caminhão 8×4 com PBT de 50 toneladas transporta, em média, 32 toneladas de carga líquida. Com o Heavy Tipper, na mesma configuração 8×4, o aumento de PBT para 58 toneladas eleva a capacidade para 40 toneladas de carga útil. Isso significa reduzir uma operação de dezoito caminhões para dezesseis”, contabiliza Celso Mendonça, diretor de desenvolvimento de negócios da Scania. A linha Scania rodoviária habitualmente usada pelo segmento de mineração, com motores de 400, 440 e 480 cv nas configurações 6×4, 6×6, 8×4 e 10×4, continua em linha. Graças ao seu sistema global de produção modular, a Scania usa menos componentes para fazer mais variedade de modelos. “É como montar peças de Lego. Temos menos desperdício e ganhamos em disponibilidade de peças, além de tornar mais fácil o treinamento de mecânicos”, exemplifica Mendonça.

Scania Heavy Tipper

Para atingir essas metas de evolução, o Heavy Tipper traz diversos reforços estruturais em relação aos pesados anteriormente oferecidos pela Scania ao segmento minerador. Os eixos traseiros receberam uma carcaça reforçada e os feixes de molas são mais grossos. O eixo cardã tem diâmetro 24% maior. A caixa de câmbio automatizada Opticruiser de 14 marchas ganhou uma nova versão mais robusta, com anéis sincronizadores tratados com fibra de carbono. Os eixos dianteiros são mais espessos e a suspensão recebeu um feixe de molas a mais. Os freios foram redimensionados, com lonas 50% maiores, e o sistema de direção também foi reforçado. Os pneus do Heavy Tipper são Goodyear 325/95 R24 ORD, próprios para condições severas, mas opcionalmente podem ser usados Michelin 325/95 R24 X Works XD. As carrocerias basculantes utilizadas na mineração, que variam de tamanho de acordo com a densidade do material a ser transportado, podem ser confeccionadas por diversos encarroçadores, em cooperação com a Scania.

Scania Heavy Tipper

Além do caminhão extra-pesado Heavy Tipper em si, a Scania oferece aos grandes mineradores outras ferramentas e serviços para aumentar a produtividade. A Scania Mining é unidade de negócios dedicada ao segmento de mineração, onde estão concentradas atividades e processos específicos, desde possibilidade de gerenciamento de frota por meio da conectividade em tempo real às oficinas e lojas de peças na própria mineradora. Como o sistema de “on site”, serviços e estoques de peças são disponibilizados nas áreas de mineração. Como essas áreas muitas vezes ficam em locais remotos, a presença de mecânicos e peças na área da mina evita problemas logísticos que passam deixar o caminhão muito tempo parado, em caso de defeito. Outra ferramenta é um sistema o que recolhe dados online, em tempo real, dos caminhões em operação, para ajudar as empresas mineradoras a resolverem eventuais “gargalos” na produtividade e otimizarem a produção. Com o Heavy Tipper, a Scania espera elevar sua participação no segmento dos atuais 33% para 45% em 2020, quando a expectativa é de um mercado nacional de caminhões de mineração de 1.200 unidades anuais - o dobro do atual.

Primeiras impressões

Muitas pedras no caminho

Mogi das Cruzes/SP – Em sua apresentação à imprensa especializada global e a alguns grandes clientes de todo o mundo, o novo Scania Heavy Tipper pode ser experimentado em seu “habitat”: a Mineração Horii, um dos principais produtores de caulim da Região Sudeste do Brasil, situada na periferia da cidade paulista de Mogi das Cruzes. O caulim é um silicato hidratado de alumínio que tem diversas utilizações industriais, incluindo formação de filmes, cerâmica, suporte de catalisadores e agente polidor. Foram disponibilizados para “passeios” pela área da mina os modelos Heavy Tipper  P 440 6×4 e G 480 8×4, ambos com o mesmo motor diesel de 13 litros, cada versão com suas configurações de torque e potência.

Scania Heavy Tipper

Em ambos os caminhões, que rodaram carregados de caulim, chamou a atenção o conforto e a facilidade com que o caminhão transpõe obstáculos típicos das áreas de mineração – buraqueiras, aclives e lamaçais –, mesmo com muitas toneladas “nas costas”. Além do eficiente câmbio automatizado Opticriser de 14 velocidades, o Heavy Tipper oferece ao motorista confortos como o Hill Hold, que impede que o caminhão “despenque” quando o motorista é obrigado a parar em meio a um aclive e depois precisa voltar a acelerar. A direção é surpreendentemente suave para um veículo desse porte a facilita as manobras, mesmo em terrenos irregulares. Já conhecido nos caminhões da Scania, o sistema hidráulico de freio auxiliar Retarder também teve, na Mineração Horii, ocasião de mostrar sua competência. Ele funciona em conjunto com o freio motor e os freios de serviço e pode ser ativado por meio de uma alavanca localizada atrás do volante. Reduz o desgaste normal das lonas e dos tambores e ajuda a diminuir os custos com manutenção dos freios, além de diminuir o risco de perda de eficiência de frenagem pela temperatura excessiva, causada pelo uso constante dos freios de serviço em longos declives.


Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Divulgação