Em 2015, o mercado brasileiro de caminhões e ônibus não anda rendendo boas notícias. Dentro de uma retração de quase 40% das vendas desse ano, raras são as novidades do setor que não incluem recordes negativos. Apesar de também estar com o pátio de sua fábrica na mineira Sete Lagoas lotado de veículos que não encontram demanda, a Iveco adotou uma estratégia ousada. Acaba de anunciar um investimento de mais de R$ 650 milhões até 2016. Os recursos serão aplicados em frentes como a nacionalização dos componentes, aprimoramentos de processos industriais e sistemas de qualidade, pesquisa, desenvolvimento e inovação. Parte dessa verba – exatos R$ 24 milhões – foi utilizada para a construção do Campo de Provas, inaugurado dia 19 de junho dentro do complexo industrial da marca italiana em Minas Gerais.
Numa área total de 300 mil metros quadrados, o Campo de Provas da Iveco foi criado para que a marca possa fazer as avaliações dinâmicas de todos os veículos que produz. Conta com uma pista oval de alta velocidade com 1.650 metros de extensão, onde são feitos testes para simular situações reais. Como, por exemplo, mudança de faixa em alta velocidade. Tais avaliações servem para checar o comportamento de componentes da suspensão, dos freios e da direção. Uma pista para testes de ruído e um circuito projetado para atender à demanda dos comerciais leves e outro para o blindado Guarani completam o empreendimento.
Para o Guarani, a estrutura inclui testes específicos solicitados pelas forças armadas, como obstáculos verticais de 0,4 m e 0,5 m, fosso com água com 4,5 metros de profundidade para prova de navegabilidade, área plana para ensaios dinâmicos, pista de inclinação lateral de 20%, rampas com inclinações de 12%, 20%, 24% e 60% e fosso seco de 1,2 m de profundidade. Os obstáculos servem para comprovar a capacidade de partida em rampa, potência em trechos íngremes, durabilidade do freio de estacionamento e da embreagem. “Nosso objetivo é tornar ainda melhor o processo final de validação dos produtos, desde a linha de veículos leves até o Guarani, com a realização de aproximadamente três mil testes anuais, que comprovam qualidades como a durabilidade e a robustez dos veículos que oferecemos aos nossos clientes”, sintetiza Marco Borba, vice-presidente da Iveco para a América Latina.
Ter o próprio Campo de Provas é uma ambição antiga da Iveco. Como projeto, começou a despontar em 2011. A ideia era “primeirizar” as avaliações dos modelos da marca, anteriormente testados em pistas particulares, terceirizadas para esse fim específico. A estrutura começou a tomar forma gradativamente. Primeiro, veio a pista de durabilidade acelerada, utilizada para analisar e evitar danos em componentes e na estrutura dos veículos. O passo seguinte foi ativar o anel de alta velocidade, a pista para teste de ruídos e o circuito planejado para testar veículos comerciais e as linhas de transporte de passageiros Daily Minibus, Iveco CityClass e o chassi 170S28. Paralelamente, foi erguida a área de testes específica para o Guarani.
Segundo a Iveco, esse circuito “full liner” equivale às estruturas do mesmo gênero que a marca mantém na Europa. “Nosso plano é desenvolver novas formas de testar os nossos veículos nesse mesmo espaço. O Campo de Provas reflete a filosofia da Iveco de jamais parar de investir e evoluir em nome da excelência dos nossos produtos”, afirma Darwin Viegas, diretor de Desenvolvimento de Produto para a América Latina e responsável pela obra.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Divulgação