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Os caminhões da linha F foram os primeiros veículos a sair da pioneira fábrica brasileira da Ford, em São Bernardo do Campo, em 1957. Logo depois, a intensa participação nas obras para a construção de Brasília deu visibilidade aos caminhões da marca norte-americana. E fez a linha F ganhar uma fama de robustez que embalou as vendas por aqui por mais de meio século. “A Série F sedimentou a imagem da marca Ford Caminhões no mercado brasileiro. Foram mais de 170 mil unidades vendidas no Brasil até 2011”, explicou Guy Rodriguez, diretor de Operações de Caminhões da Ford América do Sul. Em 2011, a Ford achou que as vendas no segmento estavam em baixa por aqui e era hora de encerrar a produção local. Três anos depois, a marca mudou de ideia. E relança, a partir de setembro, o semileve F350 e o leve F4000. Esse último chega com uma versão 4X4, o que lhe garante o prestígio de ser o único caminhão leve com tração integral comercializado no Brasil.

Aparentemente, a decisão de relançar a linha F no Brasil foi acertada. Antes do lançamento, 800 unidades foram comercializada em pré-venda, com os interessados adiantando 10% do valor dos modelos. Ou seja, a linha F chega às concessionárias em setembro com dois meses de produção já vendida. A decisão de resgatar a linha F no país tem muito a ver com o ritmo do agronegócio no país. O setor da economia que mais cresce no Brasil ampliou a demanda por veículos leves robustos e confiáveis, capazes de encarar terrenos inóspitos sem vacilar. Algo que os “caras chatas” leves Cargo 816 e Cargo 1119, com vocação mais urbana, não conseguiam atender. Tal demanda é tão expressiva que justifica o investimento de US$ 70 milhões que a Ford alega ter feito para voltar a produzir a linha F nacional.

Interior da F4000

Os modelos da linha F têm características distintas. O F-350 tem rodado simples, peso bruto total de 4.500 kg e capacidade de carga útil de 2.128 kg. É ideal para transporte de hortifrútis, entregas fracionadas, serviços de manutenção e distribuição comercial. Já o F-4000 tem rodado duplo, peso bruto total de 6.800 kg e capacidade de carga útil de 3.949 kg. É indicado para o transporte de hortifrútis, insumos agrícolas, materiais de construção e animais vivos, além de entregas fracionadas e manutenção de serviços públicos. Também com rodado duplo, o F-4000 4X4 tem peso bruto total de 6.800 kg e capacidade de carga útil de 3.810 kg. Seu ângulo de entrada de 26 graus e ângulo de saída de 27 graus facilitam a rodagem em terrenos de difícil acesso. 

Apesar da aposta na “conexão emocional” que a Ford acredita existir com os consumidores pela tradição da linha F no país, os novos modelos trazem novidades bem racionais em relação aos que deixaram as linhas de montagem em 2011. O motor dos modelos da linha F agora é um turbodiesel Cummins 2.8 litros de 150 cv com 36,7 kgfm de torque, com Common Rail. Segundo a Ford, é mais potente, econômico, silencioso e limpo que o propulsor usado em 2011. Preparado para o biodiesel B20, o novo motor  atende à norma ambiental Proconve P7 (Euro 5), com sistema de redução catalítica seletiva (SCR) de pós-tratamento de gases com o reagente Arla 32, um líquido à base de ureia responsável por reduzir as emissões de partículas e gás carbônico. A transmissão agora é uma Eaton de cinco velocidades – com relações de marchas  diferentes na F350 e na F4000. Desenvolvida para aplicações comerciais, essa transmissão também equipa os modelos Cargo 816 e Cargo 1119. A Ford afirma que ela otimiza a força do motor em diferentes condições de rodagem, tanto em uso urbano como rural. Como as exigências de conforto e segurança também se sofisticaram, o ar-condicionado agora é de série na linha F, assim como freios com ABS e EBD.

A volta da linha F reforça a estratégia da Ford de se fazer representar em todos os segmentos do transporte de carga: das picapes Ranger aos extrapesados Cargo 2842, passando pelos caminhões semileves, leves, médios e pesados. A expectativa da marca é que F350 e F4000 dividam por igual as vendas da nova linha F. Dos F4000, acreditam que 30% da demanda seja pela versão 4X4. O preço do F-350 é R$ 101.290, enquanto o F-4000 sai por R$ 117.290 e o F-4000 4x4 custa R$ 133.290. Os modelos são habilitados ao financiamento pelo Finame e também contam com a opção de um grupo especial do Consórcio Nacional Ford, para aquisição em até 100 meses.

Ford F4000 ressurge

Primeiras impressões

Ford F4000 e F4000 4X4

Bragança Paulista/SP - O teste de avaliação dos novos F4000 e do F4000 4X4 ocorreu na Fazenda Coronel Jacinto, na periferia da cidade de Bragança Paulista. O F350 não foi disponibilizado. Para a versão com tração nas quatro rodas do F4000, foi montado um pequeno circuito com rampas, buracos e trechos alagados, para que o modelo pudesse mostrar suas capacidades off-road. E o caminhãozinho lameiro da Ford não fez feio. Uma vez dentro dele, a sensação é de estar a bordo de uma picape, principalmente pela facilidade para entrar e sair da cabine. Ao ligar o motor e engatar a primeira marcha, já se nota que o câmbio é duro, mais próximo dos caminhões do que dos utilitários. É uma experiência interessante dirigir um veículo onde um torque máximo tão brutal se faz presente já nos 1.500 giros. Ou seja, mal saiu do lugar, o modelo já disponibiliza toda a força de seus 36,7 kgfm. E esse torque permanece disponível até 2.900 rpm – quando, normalmente, chega a hora de subir uma marcha. O modelo desfilou quase indiferente pela buraqueira, atravessou trechos alagados sem vacilações e subiu rampas com ângulo de entrada de 25 graus sem estresse, no modo “low” – que dispensa inclusive que o motorista pise no acelerador para andar. 

Já para a versão 4X2 do F4000 foi montada uma trilha mais extensa e menos “cascuda”. Mesmo assim, incluía aclives e declives bem radicais. Embora sem recursos de tração integral e reduzida, a F4000 encarou com bravura os obstáculos que apareceram pela frente. Na partida em aclive, para evitar que o caminhão descesse a rampa – o freio de estacionamento é acionado em um pedal no pé esquerdo –, foi necessário recorrer a um “punta taco”. Ou seja, com a primeira marcha engatada, foi preciso pisar ao mesmo tempo com o pé direito no freio e no acelerador – a ponta do pé fica no freio e o calcanhar pressiona o acelerador. Enquanto isso, o pé esquerdo pressiona a embreagem para o motor não morrer. Na hora de arrancar, basta tirar a ponta do pé direito do freio e, simultaneamente, transferir a pisada ao acelerador e tirar o pé esquerdo da embreagem, para que o carro arranque no aclive sem recuar. A manobra exige alguma coordenação motora, mas é bem efetiva – o caminhão retoma a trajetória na rampa sem recuar um único centímetro. De volta ao plano horizontal, é hora de acelerar um pouco para ver o efeito que um torque tão elevado faz sobre um veículo. E, mesmo carregado, o modelo acelera de forma desembaraçada e vigorosa pela trilha a fora.

Sob o capô da F4000


Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias e divulgação