No universo automotivo, há rixas entre empresas originárias de um mesmo país que, com a globalização, se tornam rivalidades planetárias. É o caso das norte-americanas General Motors e Ford, das alemãs BMW e Mercedes-Benz ou das japonesas Toyota e Honda. Todas encaram dezenas de concorrentes ao redor do mundo, mas mantém em cada mercado especial atenção à rival compatriota. No setor de caminhões e ônibus, um confronto do gênero acontece entre as suecas Scania e Volvo. A Scania, fundada em 1900 e sediada na cidade de Södertälje, chegou ao Brasil em 1957 e em 1962 instalou sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Já a Volvo foi fundada em 1927 na cidade de Gotemburgo, chegou ao Brasil meio século depois, em 1977, mas só inaugurou sua unidade industrial em Curitiba, no Paraná, em 1980. Com foco nos mesmos segmentos de mercado – caminhões pesados, semipesados e chassis de ônibus – ambas acabam de apresentar seus resultados do ano passado e suas perspectivas para 2014 no mercado nacional.
Mas, apesar de ter vendido menos caminhões e ônibus que a concorrente, a Scania pode se gabar de ter terminado 2013 com o caminhão mais vendido do mercado nacional. O pesado R440 emplacou sozinho 10.508 unidades e deixou para trás o líder de mercado dos últimos anos – exatamente o rival Volvo FH 460. “O transportador está cada vez mais profissionalizado e acompanhamos as demandas dos clientes com melhorias contínuas”, justifica Eronildo Santos, diretor de vendas de veículos da Scania do Brasil.
Na disputa dos caminhões semipesados, a Scania foi quem percentualmente mais cresceu. O aumento nos emplacamentos chegou a 51% – dos 1.136 de 2012 aos 1.715 de 2013. O “share” atual da Scania entre os semipesados é de 3,6%, mas a proposta é atingir 10% do segmento até 2016, embalado pelo P 310, o semipesado campeão de vendas da marca. “São volumes históricos para a Scania. Entramos nesse segmento em 2010 e ainda estamos na fase de entender o perfil desse cliente”, comemora Eronildo Santos, da Scania. Mais bem estabelecida no segmento, a Volvo emplacou 5.752 unidades de sua linha VM de semipesados, 23,9% de crescimento sobre as 4.643 unidades vendidas em 2012. Atingiu um inédito “share” de 12% entre os semipesados – eram 10,1% no ano anterior. “A linha VM conquistou o transportador”, festeja Bernardo Fedalto, da Volvo.
Para manter o ritmo em 2014, uma das apostas da Scania é o crescimento da rede de concessionárias. Devem passar das atuais 112 para 124 no fim do ano, indo até 133 no final de 2015 – o que deverá gerar um investimento de R$ 133 milhões. Já a Volvo promete sair das atuais 90 concessionárias e abrir sua centésima loja ainda esse ano, mas as principais propostas são continuar investindo na expansão da fábrica de Curitiba e construir um novo depósito de peças, junto à fábrica paranaense, até o final do ano. O FH16 750, que com seus 750 cv é o caminhão mais potente do Brasil, será o “modelo de imagem” da marca por aqui. Na rede Scania, uma novidade mais prosaica: o óleo sintético LDF-3, uma alternativa ao óleo mineral. Segundo a fabricante sueca, seu uso pode dobrar os intervalos de troca e gerar economia de até 15% nos custos de manutenção.
Em termos de novos caminhões, estão previstas para esse ano na Scania versões 8X4 para as linhas de pesados e semipesados, mas a marca não confirma as datas de lançamento. Na Volvo, também chegarão novos produtos, mas ainda não foi decidido qual das outras marcas globais do grupo irá estrear no Brasil – a francesa Renault Trucks, a japonesa UD (antiga Nissan Diesel) ou a norte-americana Mack. A data do desembarque dessa nova marca por aqui também continua indefinida.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: divulgação
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