A Scania pegou embalo com a mudança do Euro 5/Proconve P7 no Brasil. Em 2011, a fabricante sueca foi a sexta colocada no ranking de caminhões. Em 2012, quando os modelos mais modernos chegaram ao mercado, a Scania subiu para a quinta colocação. Agora, em 2013, com o setor ainda em queda, a marca já abocanha o quarto lugar – e se aproxima da Ford na terceira posição. Grande parte do atual momento da Scania se deve ao R440, caminhão pesado que fechou o primeiro trimestre do ano como o modelo – combinação de linha, motorização e configuração de cabine – mais vendido do país.
Segundo dados da Fenabrave, nos três primeiros meses de 2013, o R440 teve 2.551 unidades vendidas contra 2.273 do semi-pesado Volkswagen Constellation 24.280. O pesado da Scania, por sinal, quase foi o “campeão de vendas” também no ano passado quando vendeu 3.983 exemplares e foi ultrapassado pelo também pesado Volvo FH 460 por 535 emplacamentos. O evidente crescimento do R440 – aumento de quase três vezes na média mensal de vendas – impulsionou a Scania dos 8% de market share para os atuais 13,2%.
A fabricante sediada na cidade sueca de Södertälje – e que tem unidades industriais na Suécia, França, Holanda, Polônia, Rússia, Argentina e no Brasil – define o R440 basicamente como um caminhão para longas distâncias. Para isso, oferece 12 combinações de número de eixos, comprimento de reboque e altura de cabine. O modelo está disponível com trações 4X2, 6X2 e 6X4. Entre as aplicações indicadas pela própria Scania estão o uso como baú, caçamba, contêiner, frigorífico, tanque e cegonha.
O que não muda entre todas estas variações é o motor de 13 litros de seis cilindros em linha com 446 cv a 1.900 rpm e torque de 234,5 kgfm entre mil e 1.300 rotações. Para se adaptar às normas do Proconve P7, a Scania optou por usar a tecnologia SCR, de redução catalítica dos poluentes através do aditivo Arla 32. O líquido, por sinal, viaja em um tanque separado, de 50 litros. A transmissão pode mudar, dependendo da necessidade. Pode variar entre uma manual ou automatizada Opticruise, sempre com 12 relações.
O R440 já vem bem equipado de fábrica. Itens como rádio/MP3 com comandos no volante, rede anti-mosquito, vidros, travas e retrovisores elétricos, ar-condicionado, cama para o motorista e cabine com suspensão a ar de quatro pontos são de série. Já equipamentos como faróis de xenon, preparação para sistema de gerenciamento de frota, controle de tração e imobilizador são opcionais.
Primeiras impressões: Scania R440 LA6X2
São Bernardo do Campo/SP – O pesado R440 LA 6X2, o “carro chefe” da marca, foi avaliado na pista de testes da fábrica da Scania. O amplo complexo industrial, onde caminhões e motores da empresa sueca são produzidos e exportados para diversos países, foi cenário de uma greve histórica há 35 anos. No dia 12 de maio de 1978, com o direito de greve suspenso pela Ditadura Militar, os operários cruzaram os braços para reivindicar melhores salários. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista era presidido por Luiz Inácio da Silva, o Lula – que 24 anos mais tarde, em 2002, foi eleito Presidente da República. A greve da Scania de 1978 é considerada um marco na redemocratização do país.
Fabricado em um local tão emblemático do sindicalismo brasileiro, o R440 não foge à luta. Para mostrar por que pretende continuar a ser o Scania mais vendido no Brasil, a versão LA 6X2 do pesado impõe respeito de cara, com seus 3,34 metros de altura e 2,5 m de largura. Só o cavalo mecânico 6X2 pesa mais de 9 toneladas e o modelo testado ainda carrega outras 25 toneladas de carga na carreta curta. Nada demais para um veículo cujo peso bruto total combinado (PBTC) é 56 toneladas. Após breves orientações dadas pelo instrutor técnico da Scania, basta soltar o freio de estacionamento pneumático, que fica em uma alavanca à direito do volante. Depois, como o modelo avaliado tinha o câmbio automatizado Opticruise, sem pedal de embreagem, é só colocar a marcha na posição A, de automático, ou M, de manual. O caminhão sai da inércia com inesperada leveza e baixo nível de ruído. E, com o veículo em movimento, o sistema automatizado de trocas de marchas dá conta do recado direitinho, o tempo todo. Mas a mudança das marchas pode ser induzida manualmente, sempre que o motorista desejar.
O motorzão de 13 litros do R440 oferece torque máximo de brutais 234,5 kgfm e potência de parrudos 446 cavalos – ou 440 hp, o que explica a denominação do modelo. A sensação é de que sempre sobram torque e potência. Com tanta força movendo tamanho peso e volume, é necessário cuidado redobrado nas curvas. Afinal, passar com uma carreta de 25 toneladas sobre o meio fio ou esbarrar em qualquer coisa pode causar enormes prejuízos. O melhor é abrir um pouco mais a curva e acompanhar a passagem segura do eixo traseiro através dos generosos espelhos. Com excessão das questões relativas às dimensões exageradas, a dirigibilidade do R 440 nem difere tanto de um automóvel de passeio comum. Os sistemas eletrônicos reduzem bastante a possibilidade de erros. A direção é suave e os comandos são bastante dóceis. Apenas o freio é um tanto hipersensível e sobreassistido – algo compreensível para um veículo que precisa imobilizar rapidamente diversas toneladas em movimento. Quando é necessário parar suavemente, é melhor pisar de forma bem leve e gradual no pedal, para evitar maiores sacolejos.
Autor: Rodrigo Machado e Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias