Em 2012, o segmento de semipesados brasileiro obteve um feito histórico. Ultrapassou os pesados, tradicionais líderes de vendas e responsáveis por 32% das comercializações, ao emplacar 35% dos caminhões novos do Brasil. A Scania contribui com essa tendência há dois anos, desde que lançou seu primeiro semipesado, o P270 com motor de 8,9 litros e 270 hp – 273 cv. Só que, por causa das incertezas do mercado brasileiro pela adequação à legislação de emissões Euro 5/Proconve P7, ocorridas na virada de 2011 para 2012, a linha de semipesados da marca nunca tinha de fato embalado nas vendas. Mas o atual líder de vendas da Scania no segmento semipesado, o P310, dá sinais de que começa a acelerar. Nos primeiros quatro meses de 2012, o caminhão teve 191 unidades vendidas. No mesmo período deste ano, já foram 369 emplacamentos – um significativo aumento de 93%.
O P310, por sinal, é responsável por 63% das vendas de semipesados da empresa sueca por aqui e ajudou a Scania a ganhar “market share”. Há dois anos, a marca ficava na sexta posição do ranking geral de fabricantes de caminhões no Brasil. Hoje, já ocupa a quarta colocação e “cresce no espelho” da Ford, a terceira mais vendida.
Para estimular as vendas de seus semipesados, a Scania apostou em fazer aquilo que já sabe. Ou seja, introduziu algumas características de modelos pesados – sua especialidade – nos “novatos” da marca. Itens como o câmbio automatizado, suspensão pneumática, cabine leito e até balança digital, que mostra o peso em cada eixo, geralmente são encontrados apenas em caminhões maiores e com aplicações em longas distâncias. Outros itens de conforto, no entanto, ficam de fora da lista de equipamentos de série. Caso dos vidros e retrovisores com comando elétrico, ar-condicionado, rádio com controle no volante e amortecimentos individuais dos bancos.
Hoje, a linha de semipesados da Scania é toda equipada com o motor Euro 5 de 9,3 litros com cinco cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e injeção direta de combustível. O propulsor adota a tecnologia SCR – com adição de Arla 32 no catalizador – para atingir os níveis de emissões prescritos no Proconve P7. No P310, a potência é de 310 hp, ou 314 cv, a 1.900 rpm e o torque é de 158 kgfm entre 1.100 e 1.350 rotações. O P310 pode vir nas configurações 6X2 e 8X2. Ainda há uma versão mais comedida, com 250 hp, e que pode receber também a variação de chassi 4X2.
Primeiras impressões - Scania P310 8X2
São Bernardo do Campo/SP - O cavalo semipesado P310 na configuração 8X2 foi avaliado na pista de testes da fábrica da Scania em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. A cabine da linha P é a menor da Scania: mede 3,07 metros de altura e 2,5 m de largura. O cavalo-mecânico 8X2 tem 11,35 m de comprimento total e pesa 9.129 kg. O PBTC– Peso Bruto Total Combinado – do modelo pode atingir as 45 toneladas, mas o teste foi realizado apenas com o cavalo-mecânico, sem carga. O conjunto é movido por um propulsor de 9,3 litros, que oferece 314 cv e 158 kgfm.
Depois de subir a escadinha que dá acesso ao habitáculo, é hora de achar a melhor posição para dirigir. Nada muito complexo – bancos e volante se movimentam de forma precisa para os eventuais ajustes. Depois de instalado, basta ao motorista soltar o freio de mão, que fica em uma alavanca pneumática à direito do volante, e acionar a manopla do câmbio automatizado Opticruise – que dispensa pedal de embreagem. É possível sair da inércia utilizando a posição A, de automático, ou M, de manual.
Quando o caminhão começa a se mover, chama a atenção o baixo nível de ruído. Logo, é possível perceber que o conforto proporcionado pela suspensão do banco do motorista supera muitos sedãs disponíveis no mercado nacional. Vai longe o tempo em que a cabine de um caminhão era um lugar hostil para se trabalhar. Com o veículo em movimento, o sistema automatizado de trocas de marchas se encarrega de manter o motor na cadência correta. E, com o Opticruise, a troca das marchas também pode ser induzida manualmente, sempre que o motorista desejar.
Seja em aclives ou declives, em retas ou em curvas, o motor de 9,3 litros parece oferecer torque e potência na medida certa da demanda do P310. O cavalo-mecânico se move de forma lépida, a direção é suave e os comandos respondem facilmente. Na hora de parar, é bom lembrar que o freio é ligeiramente sobreassistido – o que recomenda pisar no pedal de forma mais gradual do que se faria para parar um automóvel. O comportamento do P310 é tão amistoso que até permite esquecer por alguns instantes que se está ao comando de um caminhão.
Autor: Rodrigo Machado e Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias