Depois de um 2012 complicado, 2013 foi um sopro de tranquilidade no mercado de caminhões – ao menos no Brasil, já que a crise ainda assola o mercado europeu. A significativa queda nos volumes no ano passado devido à implantação da legislação antipoluição Proconve P7 no Brasil, fez vendas e a produção recuarem em até 40% em relação a 2011. Esse ano, as grandes obras de infraestrutura realizadas no país ajudaram a elevar os números de vendas de caminhões para um patamar um pouco mais próximo ao que estava antes da nova regra de emissões. Segundo dados da Fenabrave, a expectativa é que sejam vendidos cerca de 150 mil caminhões esse ano, 12% a mais que em 2012. Mas ainda bem menos que as quase 190 mil unidades de 2011 – o melhor ano da história do mercado.
2013 também foi marcado por mudanças visuais nos caminhões e pelo início da produção de novas fabricantes ao país, como a holandesa DAF. As novidades foram concentradas no segundo semestre, em volta da 19ª Fenatran, realizada no fim de outubro em São Paulo. No evento, a MAN Latin America confirmou investimentos de R$ 1 bilhão na fábrica de Resende – o montante será distribuído até 2016. A fabricante também firmou um acordo com o governo do estado do Rio de Janeiro para a ampliação da capacidade produtiva na linha do extrapesado TGX, que teve o índice de nacionalização aumentado esse ano. “A estimativa é lacrar perto de 43 mil unidades neste ano e crescer entre 3% e 4% em relação a 2012”, afirma Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-vendas da MAN.
Entre os produtos, as novidades se concentraram mesmo no segmento de extrapesados. A DAF mostrou os primeiros XF 105 produzidos no Brasil, resultantes de um investimento de R$ 920 milhões, que serviram para a construção da fábrica da marca em Ponta Grossa, no Paraná, e para a instituição de sua rede de concessionários e serviços no país. Por enquanto, só ele será produzido aqui, em configurações 6X2 e 6X4, sempre com o motor Paccar MX de seis cilindros em linha e 12,9 litros, em versões de 410 e 460 cv. No entanto, as 23 unidades emplacadas em 2013 indicam que as vendas ainda não começaram de fato. Segundo a marca, o médio LF e o semipesado CF ficam para 2014.
Pouco antes, a Ford Caminhões lançava sua aposta “de peso”. O Cargo Extrapesado foi apresentado depois de quatro anos de desenvolvimento, nas versões Cargo 2042 4X2 e 2842 6X2, capazes de carregar 49 e 56 toneladas respectivamente. Ambos são destinados a aplicações rodoviárias de longa distância e empurrados pelo motor FPT – fabricante que pertence ao Grupo Fiat – de 10.3 litros. Ele é capaz de desenvolver 420 cv de potência e 193,7 kgfm de torque. A Ford deve encerrar 2013 na quarta posição, com aproximadamente 13% de participação de mercado.
Praticamente ao mesmo tempo, a Iveco lançou no país o Stralis Hi-Way, a variante de luxo do extrapesado Stralis, que marca a estreia da empresa no segmento. Inicialmente fabricado na Espanha, ele aposta na fartura de itens de série com foco no conforto do motorista, economia de combustível e facilidade de gestão para frotas de transportadoras. Segundo a marca, foram investidos R$ 100 milhões na adaptação local do produto, capaz de carregar até 80 toneladas.
A Scania foi outra a apostar nos extrapesados. A marca sueca mostrou a linha Streamline, que promete reduzir o consumo de diesel em até 15% através de otimizações no trem de força e no design da cabine, mais aerodinâmico. A gama Streamline contempla as linhas G e R, e R Highline. Na família G, serão os modelos de 360 e 400 cv de potência e torques que variam de 188,6 kgfm a 214,1 kgfm. Já as linhas R Streamline e R Highline Streamline oferecem caminhões com potências entre 400 e 620 cv de potência e torques que variam de 214,1 kgfm a generosos 305,9 kgfm. Além disso, a cabine ganhou em conforto e habitabilidade para o motorista, um dos principais focos de toda a indústria em 2013.
Na Volvo, que sempre foi forte nos extrapesados, a novidade do ano foi a mudança da “cara” dos caminhões. Além disso, a marca mostrou a nova gama do semipesado VM, com quatro eixos. Os VM 8X2 e 8X4 já chegaram com mudanças no visual que o deixaram parecido com o restante da linha. Pensados para médias distâncias, eles têm duas opções de motorização, com 270 cv ou 330 cv. A transmissão automatizada I-Shift na configuração 8X2 pode receber 6, 9 ou 12 marchas, enquanto o 8X4 oferece opções de 10 ou 12 marchas.
É certo que, depois do “boom” de novidades no mercado de caminhões nos anos anteriores, esse ano foi bem mais “calmo” que o passado. Modificações pontuais deram a tônica do ano e terminaram por justificar os aumentos nos preços já elevados pela mudança para o Proconve P7. Mas ajudaram a incentivar os frotistas a retomarem às compras. Essa animação relativamente contida, ao que tudo indica, deve seguir para 2014.
Autor: Igor Macário (Auto Press)
Fotos: Divulgação
Montagem: Salão do Carro