Quando uma grande feira vai se aproximando, os principais atores daqueles setor costumam adiantar suas novidades para sair da multidão. Foi o que aconteceu com a MAN Latin America às vésperas da Fenatran – a principal feira de transporte no Brasil, realizada em São Paulo entre 28 de outubro e 1º de novembro. No caso da empresa alemã, que atualmente controla a fábrica de Resende, no Sul Fluminense, as modificações nos modelos foram discretas. No TGX, que leva a assinatura da MAN, foi feita uma pequena alteração na frente: a grade é nova e o emblema foi reposicionado. Nem tinha mesmo porque mudar, afinal, a marca, do Grupo Volkswagen, desembarcou no Brasil há menos de dois anos.
As maiores mudanças ficaram para o maior modelo que leva a assinatura Volkswagen: o Constellation Tractor. Ele manteve o mesmo motor Cummins ISF de 9 litros já usado no restante da linha. Mas agora recebeu uma reprogramação que produziu uma força extra. A potência máxima antes parava em 390 cv e agora chega a 420 cv, enquanto o torque vai a 185 kgfm. Este propulsor é aplicado nas versões 19.420 com tração 4X2, 25.420 6X2 e 26.420 6X4.
Todas as configurações são equipadas de série com o câmbio automatizado V-Tronic de 16 marchas da ZF – derivada da usada nos TGX – e itens como ar-condicionado e vidros, travas e retrovisores elétricos. Há até controle de tração e assistente de partida em alives, além dos freios ABS. O frotista pode, no entanto, excluir esses itens para baratear o preço.
Além da motorização mais potente, a Volkswagen também incluiu no portfólio do Constellation a opção pela cabine leito com teto baixo, que se insere entre a estendida e a leito com teto alto. Isso amplia a gama de aplicações possíveis do caminhão, como o uso por cegonheiros, cuja altura da cabine é limitada. Com a nova opção, a MAN espera atingir um público que precisa de um caminhão mais forte, mas não pretende pagar entre 10 e 15% a mais pelo TGX de 440 cv. Os preços do Constellation com 420 cv começam em R$ 320 mil.
Mas como a ideia é engrossar as fileiras no segmento de extra-pesados, para brigar pela liderança, a MAN avança na nacionalização dos componentes do TGX, montado em regime de CKD. A montadora espera que até o início de 2015 o TGX beire os 100% de componentes nacionais e já possa usufruir das boas condições de financiamento oferecidas pleo Finame. Por enquanto, ele continua sendo o único produto com a marca MAN comercializado no país, já que a prioridade é consolidar a marca e nacionalizar os componentes antes de introduzir novos produtos.
Primeiras impressões
Bruto domável
Resende/RJ – O posto de comando de um “grandalhão” como o Volkswagen Constellation traz cada vez mais elementos do mundo dos automóveis. Além de amenidades como o ar-condicionado e a direção assistida, todos os outros comandos são leves e fáceis de usar. Não há mais qualquer mistério para conduzir um caminhão moderno, a não ser controlar o enorme espaço ocupado por um. A cabine acomoda bem dois ocupantes e, mesmo com teto mais baixo, há boa altura livre para um adulto se movimentar sem embaraço entre os bancos e o leito traseiro.
Mas mesmo com itens de conforto, é visível que a cabine Constellation deixa a desejar em refinamento quando comparada à de segmentos superiores. Não há falhas de encaixes e o nível de ruído interno é até baixo, mas faltam comandos no volante. Até o tecido dos bancos é mais simples. Ela não esconde que é destinada ao trabalho pesado.
É perceptível a força maior do motor de 420 cv. O 26.420 6X4 arranca com decisão e o câmbio V-Tronic controla o envio de força sem titubear muito. No entanto, com 16 relações, as trocas de marcha são bastante frequentes e a interrupção na transmissão de força bastante sentida. No entanto, as reações são suaves e todo o conjunto se mostra bem acertado, mesmo com 43 toneladas nas costas.
Autor: Igor Macário (Auto Press)
Fotos: Divulgação