Desde o anúncio do InovarAuto, o “super-IPI” de 30 pontos percentuais a mais para as importações se transformou no ponto fraco de muitas marcas dos diversos segmentos da indústria. Para as fabricantes de caminhões – setor que absorve diretamente os impactos de qualquer oscilação da economia –, não foi diferente. Com isso, investir no Brasil virou a única alternativa para se livrar da sobretaxação e conseguir alguma competitividade no mercado nacional. Para a DAF Caminhões, que já tinha planos de produzir em solo brasileiro desde 2011, colocar o projeto em prática o quanto antes passou a fazer muito mais sentido. A marca holandesa inicia, ainda neste semestre, as operações de sua fábrica em Ponta Grossa, no Paraná – com capacidade produtiva anual de 10 mil veículos. Com isso, garantiu recentemente a homologação no programa do governo. A fabricante, que ainda não iniciou suas vendas no Brasil, poderá importar até 2.500 caminhões sem o “super-IPI” até maio de 2014.

A DAF, no entanto, não deve ter um início fácil no mercado nacional. Primeiramente porque vai encarar concorrentes já consolidados por aqui. Terá pela frente rivais como Scania, Volvo, Mercedes-Benz, Iveco e MAN. E depois, terá de driblar outra dificuldade: a impossibilidade de utilização do Finame por parte dos compradores neste lote de 2.500 unidades importadas. A exemplo do InovarAuto, o financiamento especial concedido pelo BNDES também visa proteger a indústria brasileira e facilita apenas a aquisição de caminhões, máquinas e equipamentos novos de fabricação nacional – o que exclui diretamente os modelos que serão trazidos de fora.

Apesar das dificuldades anunciadas, a DAF levará um bom “arsenal” para a estrada. O modelo que vai inaugurar a linha de produção do interior paranaense será o XF105. O cavalo-mecânico é um pesado destinado a aplicações de longas distâncias. Terá como principais oponentes o Scania R440, o Volvo FH, MAN TGX e o Iveco Stralis. Segundo a fabricante, o desenvolvimento do caminhão privilegia a habitabilidade da cabine, a qual garante ser a mais ampla da categoria. É equipado com um motor de 12.9 litros da Paccar – grupo norte-americano que detém o controle sobre a marca do país baixo –, acoplado a uma transmissão manual de 16 marchas da ZF, que pode também ser automatizada. Será oferecido nas configurações 6X2 e 6X4.

DAF XF

A marca também vai comercializar a série CF. O modelo permite diversas configurações de eixos. Entra na categoria dos considerados “pau para toda obra”, onde já atuam, por exemplo, o Scania G480 e o Volvo FMX. Segundo a DAF, é indicado tanto para aplicações rodoviárias quanto fora de estrada e tem como principal argumento o volume de carga útil. Entre os opcionais de conforto para o motorista, oferece banco com suspensão pneumática e suporte lombar ajustável. É movido pelo mesmo motor do XF105 com calibrações de até 460 cv de potência.

DAF CF

A linha LF estará entre as mais versáteis da gama DAF no Brasil. O modelo permite a utilização desde a distribuição urbana e regional até transporte leve em longa distância, além de aplicações como caminhões de coleta de lixo ou de bombeiros, por exemplo. A série combina várias configurações com distância entre-eixos, potência e peso bruto total diferentes. Vai desde a faixa entre 7,5 e 12 toneladas, para uso dentro de cidades, coberta pelo LF45. Depois o LF55 abrange até as 21 toneladas. Terá versões com ou sem dormitório. Airbag, item de segurança obrigatório a partir de 2014 para automóveis fabricados no Brasil, é um opcional no caminhão.

DAF LF


Autor: Michael Figueredo (Auto Press)
Fotos: Divulgação