Com tecnologia é sempre assim. As novidades aparecem nos produtos mais sofisticados e até causam algum assombro. Mas rapidamente, o recurso que parecia quase exclusivo barateia, se populariza e passa a ser oferecido em toda a gama. Isso se aplica a tudo que envolve eletrônica, seja computador, smartphone ou até mesmo caminhões. Caso do câmbio I-Shift, que a Volvo passa a oferecer nos modelos semipesados da linha VM. Esta transmissão até agora só estava disponível na linha FH de extrapesados, incluindo aí as versões FM e FMX. No topo de gama da Volvo, o I-Shift trabalha em conjunto com o propulsor D13C, de 13 litros e com potências de 420, 460, 500 e 560 cv. Na linha VM, a transmissão automatizada de 12 marchas será acoplada ao motor de 7.2 litros com 270 e 330 cv de potência – por enquanto, a versão de 220 cv fica de fora.
Antes mesmo de começar a entrega dos primeiros VM I-Shift, a nova transmissão já passou a responder por 50% dos pedidos. Qualquer possível resistência a um câmbio eletrônico foi enfrentada e superada na linha FH de 2006 para cá. Hoje, o I-Shift está presente em nada menos que 93% dos extrapesados entregues. Além de ser bem conhecido e confiável, há outros bons motivos para tamanha adesão. O mais “humanizado” deles valoriza o ganho de conforto para o motorista. Em um trajeto rodoviário pouco exigente, em média é feita uma troca de marcha para cada quilômetro rodado. Em um viagem de São Paulo a Curitiba, por exemplo, são feitas cerca de 500 mudanças. Ou seja, são 500 chances de haver um erro na troca.
Mas há argumentos econômicos também. O câmbio eletrônico gera economia de combustível ao ajustar o motor para funcionar o tempo todo dentro da melhor faixa de giros. No caso do VM, ela vai das 1.500 às 2.500 rotações. A queda de consumo, segundo a Volvo, pode chegar a até 5%, na comparação com o câmbio mecânico controlado por um bom motorista. Como o combustível representa de 40 a 55% dos gastos em uma operação de transporte, a redução de custos não é nada desprezível. O custo do câmbio automatizado da Volvo fica em R$ 20 mil na configuração de 270 cv, que usa caixa Eaton, e de R$ 15 mil na de 330 cv, que tem transmissão Volvo. Uma vantagem da transmissão I-Shift é o aumento da durabilidade do conjunto de embreagem – nos modelos FH dotados de I-Shift, a vida útil é até três vezes maior – até 800 mil km. Isso significa que o caminhão ficará menos tempo parado na oficina e terá mais rentabilidade.
Juntamente com a chegada do I-Shift no VM, a Volvo passou a comercializar também versões de quatro eixos da linha. São as configurações 8X2R e 8X4R, que se juntam à versão cavalo mecânico 4X2T e aos modelos rodoviários 4X2R, 6X2R, 6X4R. Com a ampliação da linha e a introdução do I-Shift, a Volvo acredita que as vendas do VM vão crescer sensivelmente.
Primeiras impressões
Tempos modernos
Balneário Camboriú (SC) – Qualquer novidade no universo dos caminhões sempre tem um motivo bastante pragmático: aumentar a rentabilidade. Se na busca desse objetivo o motorista tem a vida facilitada, tanto melhor. É exatamente isso que acontece com o I-Shift. Ele economiza combustível, poupa o sistema de transmissão e reduz o peso do trem de força – o câmbio automatizado da Volvo é 70 kg mais leve que o câmbio convencional, que pesa cerca de 300 kg. Neste sistema, a alavanca de câmbio funciona como se fosse um joystick, pois não tem qualquer ligação mecânica com a caixa de marchas. Por isso, ela faz mudanças sempre no tempo correto e simplesmente ignora uma redução errada, que possa por em risco a integridade da transmissão.
Quando o caminhão está vazio ou o cavalo mecânico está desacoplado, o I-Shift se economiza. Arranca até de 5ª e pula uma marcha aqui, outra ali, para chegar logo à relação mais longa possível e poupar combustivel. Se está carregado, sempre busca a marcha certa para que o motor gire na faixa verde. As trocas automáticas não são tão rápidas nem tão suaves quanto em um carro de passeio, mas representam um expressivo ganho de conforto para quem conduz. Com recursos como o I-Shift, a famigerada brutalidade na boleia vai ficando cada vez mais no passado.
Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Divulgação