Conectividade ajuda a estimular o pós-vendas no setor de caminhões

Fortaleza/CE – A troca de informações entre caminhões, transportadoras e as próprias estradas é fundamental para a evolução do transporte rodoviário. Essa foi a principal conclusão do Seminário Volvo de Conectividade, realizado no dia 25 de agosto na capital cearense, onde a marca sueca aproveitou para explicar suas principais tecnologias no setor. A maior tendência apontada no evento é o crescente uso de aplicativos que ajudem a rentabilizar melhor a logística, para aumentar a lucratividade das empresas de transporte, dar mais conforto aos motoristas e segurança às cargas. "Com o uso da conectividade, queremos zerar o número da paradas não planejadas em nossos caminhões", explica Michael Gudmunds, gerente de serviços conectados da Volvo Trucks. Além dos atributos declarados, esses aplicativos ainda têm outra importante função para a indústria do transporte de cargas: eles ajudam a incrementar os negócios no pós-vendas. 

Em um ano onde os fabricantes de caminhões do Brasil enfrentam retrações na ordem de 42% nos emplacamentos em relação ao ano passado, desenvolver novas possibilidades de ajudar a rentabilizar os negócios das concessionárias do setor ganha uma função estratégica. Segundo os representantes da Apavel, concessionária da Volvo Caminhões na região metropolitana de Fortaleza, os atuais investimentos para quem pretende ter uma revenda de caminhões de alto padrão chegam a R$ 20 milhões. Quem investe tanto, certamente espera ter uma boa rentabilidade do capital aplicado. Com a brutal queda nas vendas que ocorreu esse ano, o setor de pós-vendas - que inclui contratos de gerenciamento de frota, manutenção, consertos e venda de peças - é visto cada vez mais como fundamental para dar a necessária sustentação financeira às empresas do ramo.

Dentro dessa lógica, uma das funções não explicitadas dos novos aplicativos logísticos é justamente estreitar a relação entre caminhoneiros, transportadoras e as concessionárias da marca. Os sistemas de gerenciamento de frotas – como o Dynafleet, da Volvo – usam a conectividade dos caminhões para avaliar o desempenho de motoristas e dos veículos. E ainda estimulam a manutenção preventiva, alertando quando os prazos das revisões programadas se aproximam - e, em alguns aplicativos, até indicando quando há concessionárias autorizadas próximas que possam realizar os serviços. "Os caminhões se comunicarão com tudo que está ao seu redor", prevê Nilton Roeder, diretor de estratégia, desenvolvimento de negócios e suporte a vendas de caminhões do Grupo Volvo na América Latina. O motorista poderá até receber informações em tempo real sobre custos de pedágio ou a situação do trânsito para definir uma rota mais rentável.

A função mais divulgada da conectividade na indústria do transporte de cargas é ajudar o transportador a obter melhores resultados de cada caminhão. Tais dispositivos de conectividade - como o My Truck, da Volvo, disponível para smartphones - ajudam os motoristas e gerenciadores de frotas a perceberem os aspectos que podem ser melhorados na direção, através do acompanhamento do consumo e da performance de cada motorista, para evitar desgastes desnecessários e até danos ao veículo. E os sensores ajudam a detectar precocemente e comunicar qualquer problema técnico nos veículos aos gerenciadores de frotas, evitando que se agravem. Graças à conectividade, problemas de desempenho de motoristas e caminhões podem ser corrigidos em tempo real. 

Outros aplicativos de conectividade que geram economia no setor de transporte de cargas são os sistemas que registram e memorizam a topografia das estradas, como o I-See, da Volvo. Numa viagem futura, essas informações serão utilizadas para otimizar o desempenho do motor – pode, por exemplo, aproveitar uma descida para colocar a caixa de marchas na posição Neutro Assistido, permitindo ao caminhão aproveitar a topografia para ganhar embalo sem usar a força do motor. O sistema atua sempre para tornar mais eficientes as trocas de marchas e o uso do freio motor, para economizar diesel, freios e pneus. 

Ao garantir maior rentabilidade para os transportadores, a conectividade ainda gera um "efeito colateral" interessante para as marcas. Na hora de renovar a frota – apesar da atual retração do mercado brasileiro, um dia essa hora chega –, o dono da transportadora certamente irá se lembrar quais são os modelos mais produtivos e os que dão mais dores de cabeça. Aí, mais uma vez, o investimento das marcas de caminhões nas tecnologias da conectividade irá mostrar seu valor.


Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Ilustração: Afonso Carlos/Carta Z Notícias