Com o mercado mundial em crise, o Brasil tornou-se atraente para fabricantes estrangeiras. Prova disso é a enxurrada de novas marcas que tentam se estabelecer no país. Além de fabricantes chineses, a pujança de um mercado que emplacou quase 138 mil caminhões em 2012 também atrai marcas já consolidadas na Europa, que ainda não tinham estendido seus braços ao Brasil. Depois de quase dois anos do primeiro anúncio, agora é a vez da holandesa DAF iniciar sua produção no país, com uma fábrica inteiramente nova em Ponta Grossa, no Paraná. Ela será responsável por produzir ainda em setembro as primeiras unidades do XF 105 nacional, que inaugura as atividades da fabricante por aqui. O extra-pesado será a atração do estande da marca na Fenatran 2013, salão internacional de transporte que acontecerá em São Paulo de 28 de outubro a 1º de novembro.
A primeira fábrica da DAF fora da Europa é um dos resultados do investimento de US$ 320 milhões – cerca de R$ 970 milhões –, que também contemplou a construção de uma cadeia de fornecedores e a abertura das 20 primeiras concessionárias espalhadas pelo Brasil que darão suporte às unidades vendidas. O montante vem de recursos próprios do grupo Paccar, do qual a DAF faz parte, junto com as norte-americanas Peterbilt e Kenworth. O caminhão, hoje, beira os 60% de nacionalização, suficiente para enquadrá-lo nas regras do Finame, o que permite condições de venda mais competitivas. A DAF optou por não importar caminhões prontos para a venda – apenas 20 unidades de teste foram trazidas para adequação dos componentes para os produtos brasileiros.
O XF 105 chega nas variantes 6X2 e 6X4, sempre com o motor Paccar MX de seis cilindros em linha e 12,9 litros, em versões de 410 e 460 cv. O torque é de 203,9 e 234,5 kgfm, respectivamente, disponíveis entre 1.050 e 1.510 rotações. Uma configuração mais forte, com 510 cv, é aguardada para 2014. O motor usa o sistema SCR, de redução catalítica dos gases de escapamento, para se enquadrar nas regras de emissão de poluentes Proconve P7, equivalente à Euro 5. Bloco e cabeçote são produzidos no Brasil e enviados à Holanda para montagem, de onde retornam prontos para a linha de montagem paranaense.
Os propulsores do extra-pesado podem ser acoplados a um câmbio manual de 16 marchas ou à caixa automatizada ZF com opção entre 12 e 16 relações. Os cavalos mecânicos também têm entre-eixos diferentes de acordo com a tração adotada. O 6X2 – capaz de puxar até 60 toneladas – tem 3,20 m, enquanto o 6X4, que consegue movimentar até 80 toneladas, mede 3,50 m. Os freios são a tambor nos três eixos, enquanto o freio motor chega a 430 cv em todas as configurações de potência.
A cabine do XF 105 tem visual moderno, mas discreto. Há apenas alguns anexos aerodinâmicos na frente, como aletas que direcionam o ar lateral – cuja função é manter portas e janelas limpas de sujeira e livres do acúmulo de água da chuva. Mesmo na berrante cor amarela das unidades disponíveis na “avant-première” não esconde um projeto que privilegia a função sobre a forma. A ideia também é manter o custo operacional baixo, crucial para alguma intenção de sucesso comercial.
Para o mercado brasileiro, a DAF fez poucas modificações no XF. Além de ajustes no trem de força para suportar condições mais severas de uso, a fabricante incorporou o freio de carreta e preparou as cabines para receberem unidades de ar-condicionado de teto. A cabine, aliás, foi um dos pontos mais exaltados pela marca. Com claro foco no conforto do motorista, a DAF investiu bastante em suavizar o comportamento do caminhão, com um interior que não é luxuoso, mas oferece alguns mimos aos tripulantes. Itens como ar-condicionado, vidros elétricos e controlador de velocidade de cruzeiro com comandos no volante são de série.
No mercado europeu, a DAF já é a segunda maior fabricante de caminhões – perde apenas para a Mercedes-Benz. No Brasil a expectativa é mais comedida. A holandesa busca conseguir 10% de participação no mercado nacional até 2018 – patamar de Volvo e Scania. Para isso, além do XF, a DAF quer produzir em Ponta Grossa o semi-pesado CF e o médio LF ainda em 2014. Os preços ainda não foram definidos e os executivos da marca afirmam apenas que estarão na média do segmento. A ideia, pelo visto, não é oferecer um produto mais barato, mas investir em vantagens – como assistência remota ao motorista e um produto de finalização mais refinada – ao comprador, que irá pagar valores semelhantes aos da concorrência. Por enquanto, a fábrica irá produzir o XF ao ritmo de 5 mil unidades anuais – a capacidade instalada é de 10 mil caminhões por ano –, até que a marca esteja mais estabelecida no mercado.
Autor: Igor Macário (Auto Press)
Fotos: Divulgação
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